Decisões da Justiça no Brasil e a atenção que recebeu de aliados nas últimas semanas deram novas esperanças para a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), presa desde o fim de julho na Itália. Nesta semana, ela tem mais uma audiência, que servirá para nova tentativa de sair do presídio feminino do complexo de Rebibbia, nos arredores de Roma.
A deputada teve seus perfis nas redes sociais desbloqueados pelo STF na quinta-feira, 25. A decisão do ministro Alexandre de Moraes sobre os perfis e um relatório da Polícia Federal, dias antes, sobre a tentativa de obstrução à Justiça, que não surtiu efeitos, ajudaram a aumentar as esperanças da deputada de ir para prisão domiciliar, na Itália, enquanto espera o processo de extradição.
Outros fatos animaram a deputada. Na quarta-feira, 24, ela participou pela segunda vez, por videoconferência (imagem do destaque), de uma audiência na CCJ da Câmara sobre o processo que pode levar à cassação de seu mandato. A ação decorre da condenação pelo ataque hacker, episódio que provocou sua fuga do Brasil, com a posterior prisão na Itália. Ela se mostrou otimista quanto ao futuro e disse aos deputados que está no presídio por um crime que não cometeu.
“Estou tranquila por saber que em breve não estarei mais presa, estarei em liberdade”, disse a deputada. “Eu confio na justiça italiana. A Itália é minha esperança agora. Vim para um lugar onde sei que sou cidadã italiana e não tem por que eu fugir”, afirmou Zambelli.
Visita de senadores
Antes, na sexta-feira, 19, a deputada recebeu a visita de uma comitiva de senadores. No grupo estavam Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES). Zambelli comentou com aliados sobre sua esperança de ser liberada da cadeia nos próximos dias.
O comentário e os movimentos, no processo e de aliados, alimentaram rumores nos corredores do poder, em Brasília, de uma possível delação premiada, fato negado pela defesa da deputada. “Não existe essa questão de delação, não tem o que delatar”, afirmou o advogado Fábio Pagnozzi, direto da Itália.
Segundo o defensor, Zambelli disse que levou o hacker Walter Delgatti até o ex-presidente Jair Bolsonaro para falar sobre as urnas, o que já se sabia. A “falta de provas” e a acusação baseada, segundo os advogados, exclusivamente nas falas do hacker devem motivar um pedido de relaxamento da prisão. “Existe só o que o hacker disse e não tem credibilidade”, diz a defesa.
Nesta sexta-feira, 26, a defesa da deputada protocolou um recurso no Supremo Tribunal Federal com um pedido para o relator especificar quais postagens têm de ser excluídas do perfil. “A ausência de individualização impede a execução precisa da ordem, além de expor a embargante ao risco de cumprir de forma inadequada ou ser acusada de descumprimento injusto”, justificou a defesa.
Os advogados alegam ainda risco de “censura”, por falta de delimitação de quais tipos de postagens estão vedadas a partir do desbloqueio. “Deixando margem de interpretação ampla e subjetiva, o que pode configurar restrição indevida ao direito constitucional de liberdade de expressão da embargante”, diz o recurso.