O encontro desta terça-feira, 30, entre o relator do projeto de anistia, Paulinho da Força (SD-SP), e a cúpula do PL terminou sem consenso sobre o futuro dos condenados pela tentativa de golpe de Estado. De um lado, o relator insistiu na redução de penas. Do outro, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e o líder na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), repetiram que só a anistia resolverá a questão.

Após a reunião, Paulinho voltou a defender que seu relatório será objetivo, apostando na dosimetria como forma de “pacificar o país”. Ele lembrou que líderes na Câmara consideram que uma anistia ampla dificilmente passaria pelo crivo do Supremo Tribunal Federal. “Nós estaríamos trabalhando meses para chegar lá e voltar à estaca zero. Por isso pretendo continuar na redução de pena, que vai pacificar o país na medida em que essas pessoas vão para suas casas”, afirmou.

O deputado destacou ainda que só deve fechar o relatório após ouvir todos os partidos e buscar uma saída conjunta com o Senado. Parte do Centrão defende que parta de um senador a apresentação de um projeto de anistia, para evitar desgastes semelhantes ao que aconteceu com a “PEC da Blindagem”, arquivada pelo Senado depois de aprovada pela Câmara.

Paulinho disse que também pretende ouvir figuras políticas, como o ex-ministro José Dirceu. “Quero mostrar a ele o que estou fazendo, nos conhecemos desde 1980”, afirmou o relator. Para essa quarta-feira, 1º, Paulinho ainda tinha previsto um encontro com familiares de detidos pelos atos do 8 de Janeiro.

Sóstenes reforçou que o PL não abre mão da anistia. Ele reconheceu os esforços do relator na condução do debate, mas afirmou que a redução de penas não atende às famílias. “O que cabe neste caso é a anistia, mas jamais nos fecharemos ao diálogo. Temos grande respeito pelo trabalho que o Paulinho da Força está fazendo, mas acreditamos que a verdadeira justiça a todas essas pessoas é a anistia”, declarou.

O líder adiantou ainda que, se não houver mudança de posição do relator, o PL cogita apresentar destaques ou até mesmo um substitutivo em plenário. A aposta é que, com o avanço das conversas e a pressão dos familiares, Paulinho acabe sensibilizado. “Quem sabe, ao invés de sermos convencidos pelo relator, nós do PL o convenceremos”, acrescentou.