Prestes a apresentar em plenário seu relatório pela aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o deputado Arthur Lira (PP-AL) quer ter o gosto de responder às provocações do senador Renan Calheiros (MDB-AL), seu adversário político em Alagoas. Lira passou esta terça-feira em reuniões, inclusive com a bancada do agronegócio, autora de grande parte das emendas apresentadas ao relatório e que serão apreciadas na sessão marcada para a noite desta quarta-feira, 30.

O desejo de Lira é tentar manter inalterado o texto aprovado na comissão especial e acordado com a equipe econômica do governo, principalmente nos pontos que tratam das compensações. Nenhuma das 53 emendas foi incorporada pelo relator. O ex-presidente da Câmara pretende aprovar a proposta e deixar explícito para Planalto o cumprimento de sua parte no acordo de encaminhamento da pauta econômica.

Aliados do deputado falam que há um sentimento de “troco” direcionado ao senador Renan Calheiros (MDB-AL). Rival de Lira na política alagoana, o senador aprovou, na semana passada, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) um projeto com o mesmo teor, alegando a demora da Câmara. Renan chegou a dizer o projeto, nas mãos de Lira, era objeto de “chantagem” com o governo.

Para deputados próximos a Lira, o senador se utilizou de um “espalhafatoso oportunismo eleitoral” ao lançar mão da proposta de isenção de Imposto de Renda que dormia desde 2019 no Senado. “Agora, ele está com dificuldades de entregar a MP que caduca no dia 8 de outubro. Olhou o jardim do outro e se esqueceu do dele”, disse um aliado do ex-presidente da Câmara, referindo-se à medida provisória nº 1303, que tributa aplicações financeiras e faz parte do pacote de compensações à desoneração do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Essa MP perde a validade na semana que vem se não for aprovada pela Câmara e pelo Senado. Renan preside a comissão especial que analisa a medida provisória.

A proposta de isenção do IR é prioritária para o Planalto. Governistas acreditam que conseguirão aprovar o relatório com os votos da base e do Centrão. Nesta terça, o presidente Lula recebeu para um almoço no Palácio da Alvorada os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O assunto foi a votação da proposta.

A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) também participou do almoço e disse que o governo apoia o relatório de Lira. O mesmo não foi feito em relação à atitude de Renan na semana passada, o que o deixou irritado com o Planalto. Gleisi ainda disse que Motta se comprometeu também a votar a MP 1303 na comissão mista na quinta-feira, 2.