A nova edição da pesquisa Reputação 360º, da Ipsos, divulgada nesta quarta-feira, 1°, revelou um consumidor brasileiro crítico e pragmático diante do discurso verde das empresas.

Para 75% dos entrevistados, cabe às companhias arcar com os custos de sustentabilidade, sem repassar a conta ao consumidor. Apenas 16% se disseram dispostos a pagar mais por produtos ambientalmente responsáveis.

O preço aparece como barreira central: dois em cada três brasileiros admitiram que ele é decisivo na hora de optar por um produto sustentável. Mais da metade (54%) afirmaram que o valor elevado é o principal impedimento, seguido pela falta de educação ambiental desde a infância (48%) e pela carência de informação clara sobre os itens disponíveis (44%).

Ao mesmo tempo, 62% dos entrevistados destacaram que muitas empresas usam a agenda ESG apenas para melhorar a imagem ou ganhar dinheiro. O ceticismo é mais intenso entre os mais jovens e entre consumidores de classes sociais mais baixas.

Apesar da visão desconfiada, os brasileiros reconheceram que o tema é relevante. Quase a totalidade dos entrevistados (97%) considerou o desenvolvimento sustentável importante para o país. Mas a adesão a hábitos ambientais costuma esbarrar em limitações econômicas e de conveniência.

A pesquisa foi realizada entre julho e setembro com 6 mil entrevistas online. Foram avaliadas as reputações de 130 empresas em 23 setores. O ranking coloca Natura, O Boticário e Google no topo da percepção de desempenho ESG, seguidas de marcas como Nestlé, Avon, Ypê e Faber-Castell.