Em votação surpreendente, a Câmara aprovou na noite de quarta-feira, 1º, por unanimidade, o projeto que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Foi uma vitória acachapante do governo e uma demonstração da força do deputado Arthur Lira (PP-AL), relator e principal negociador do texto, chancelado por 493 votos a favor e nenhum contra.

Inesperado, o resultado mostra que a Câmara decidiu encampar a pauta do governo, apoiada pela maioria da população, depois de semanas de desgaste provocado pela repercussão negativa das discussões sobre a “PEC da Blindagem” e a anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos outros condenados por tentativa de golpe de Estado.

O texto aprovado prevê isenção do IR, com descontos progressivos para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7.350, e taxação dos super-ricos para compensar a faixa livre de impostos. Com forte apelo eleitoral, o projeto é a maior aposta do Planalto para 2026. A popularidade da proposta ajuda a explicar a decisão da oposição de despejar votos no projeto. Assim, os governistas não poderão acusar os adversários de serem contrários à redução de impostos.

No Senado, a previsão é que a tramitação seja rápida, a tempo de a isenção valer a partir do início do próximo ano.

Os efeitos eleitorais da intoxicação por metanol
A ocorrência de dezenas de casos de suspeita de contaminação de bebidas por metanol provocou uma disputa de investigações entre os governos federal e do estado de São Paulo. A Polícia Federal apura a possibilidade de participação do PCC na falsificação de destilados, hipótese rechaçada pelo governador Tarcísio de Freitas.

Na forma que é conduzido, o caso terá repercussão na campanha eleitoral do ano que vem. Aliados do Planalto tentam colar no governo estadual a imagem de proximidade com a organização criminosa. Tarcísio trata as falsificações de bebidas como crimes localizados, sem ligação com o PCC.

Centrão espera apoio de Bolsonaro a Tarcísio até dezembro
Autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, Tarcísio visitou Jair Bolsonaro em sua casa, onde cumpre prisão domiciliar, na segunda-feira, 29. Na saída, o governador voltou a defender a anistia dos condenados pela tentativa de golpe de Estado e criticou a proposta de dosimetria das penas, negociada pelo relator do projeto, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
Embora Tarcísio tenha repetido que seu projeto é disputar a reeleição, o Centrão trabalha para que ele concorra ao Planalto. Em entrevista ao PlatôBR, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse que até dezembro Bolsonaro deve anunciar o governador como seu candidato à sucessão de Lula.

Inelegível, o ex-presidente ainda não desistiu de encabeçar uma chapa de oposição em 2026. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seus filhos, são citados como possíveis candidatos a presidente, mas não empolgam os aliados, que têm pressa da definição do nome para que possam encaminhar as alianças regionais que vão sustentar a candidatura.

Fachin, o discreto, toma posse no Supremo
Também na segunda-feira, 29, o ministro Edson Fachin tomou posse na presidência do Supremo Tribunal Federal em substituição a Luís Roberto Barroso. Os discursos do novo chefe do Judiciário e dos outros oradores da solenidade focaram no fortalecimento da democracia, na importância da relação harmônica entre os poderes e na afirmação do STF como corte constitucional.

A expectativa nos meios jurídicos e políticos é que Fachin, com seu estilo discreto, tire o Supremo dos holofotes. Até o final do ano, o tribunal encerra os processos relacionados à tentativa de golpe de Estado.

Itamaraty cobra de Israel respeito aos integrantes da flotilha com brasileiros
O Ministério das Relações Exteriores emitiu nota nesta terça-feira, 2, para cobrar do governo de Israel respeito aos direitos dos integrantes da flotilha interceptada quando levava ajuda humanitária para Gaza. Quinze brasileiros estão entre as pessoas detidas. A deputada Luizianne Lins (PT) faz parte do grupo.