Mais um susto. Em visita a Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve motivo para agradecer à Nossa Senhora de Nazaré, por uma graça, segundo ele, recebida horas antes da visita à Basílica dedicada à padroeira da capital paraense. Lula relatou a pane em solo do avião Casa C-105 Amazonas, um bimotor turboélice, fabricado pela Airbus, que o levaria a Breves, na Ilha de Marajó.
“Eu fui pegar o avião para a Ilha do Marajó e teve um problema no motor do avião, um avião Casa da Força Aérea Brasileira. Eu só tinha que agradecer a Deus porque poderia ter tido um problema quando eu tivesse no ar. E teve quando eu estava em terra, ainda tivemos que descer do avião com medo que pegasse fogo”, disse Lula, em entrevista à TV Liberal.
Esse não foi o primeiro episódio em que o presidente e sua comitiva estiveram em risco por pane em aeronaves. Há um ano, em 1º de outubro de 2024, o avião presidencial A319 CJ, operado também pela FAB e principal aeronave utilizada por Lula, teve uma pane na decolagem, quando trazia o presidente do México para o Brasil.
O problema foi resolvido ainda em voo, mas o piloto precisou fazer 48 voltas, sentido anti-horário, praticamente no mesmo trajeto, até esgotar o combustível, reduzir o peso e diminuir o risco de incêndio, para depois retornar ao solo no México.
Reclamações
Mas os sustos do presidente em voos com aviões da FAB se unem a reclamações do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, de falta de orçamento para as Forças Armadas. Nesta semana, em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, o ministro fez um apelo por um aumento no orçamento destinado aos militares. Ele apontou que o atual montante destinado ao setor é um entrave para a manutenção da capacidade operacional das forças.
No ano passado, dos R$ 125 bilhões repassados à Defesa, R$ 97 bilhões foram usados para quitar despesas com pessoal, aposentadorias e pensões. Outros R$ 20 bilhões foram destinados a custeios operacionais e R$ 9 bilhões ficaram para investimentos. O valor representa 1,1% do PIB do país.
O ministro pediu aos senadores que esse percentual suba no orçamento do ano que vem para pelo menos 1,5%. O ideal, na avaliação de Múcio, seriam 2% do PIB, o que daria uma previsibilidade para os gastos da pasta. “Precisamos saber se vamos pagar a primeira prestação da munição, de um avião ou de um radar”, disse o ministro.
Sem plano de voo
Fontes da Defesa indicam que não há, até o momento, nenhum plano de compra de aviões. “Não se compra um carro sem dinheiro para isso”, explicou ao PlatôBR, sob reserva, um membro da pasta. No governo, outra fonte informou que, até o momento, não há nenhum processo em curso para a renovação da frota.
Nesta sexta-feira, 3, o Planalto divulgou uma nota informando a troca de aeronave por precaução. “O avião é usado com frequência para transporte de tropas e cargas, além do deslocamento do presidente quando é necessário pousar em pistas curtas. “Ainda em solo, durante os procedimentos de acionamento dos motores, foi identificado um problema técnico-operacional na aeronave. Por precaução e seguindo protocolos de segurança, a FAB optou por utilizar uma aeronave reserva (sempre disponível nas missões presidenciais). O modelo utilizado foi um C-97 Brasília”, diz o comunicado.