A inteligência artificial e os planos para a sua saúde
O povo brasileiro, ano após ano, sonha com um admirável mundo novo no campo da nossa saúde suplementar, ou saúde em qualquer lugar. Talvez não chegue ao ponto de pensar numa sociedade futurista e tecnológica, como preconizava Aldous Huxley em seu romance distópico, que marcou época em 1932. O pensador inglês, que morreu em novembro de 1963, também imaginava a estabilidade e a felicidade possíveis somente através do controle da genética e do condicionamento psicológico.
O povo brasileiro quer bem menos. Quer ser respeitado e bem tratado quando a questão em jogo é seu bem maior: a saúde. Saúde não se compra na feira, não se parcela no crediário, tampouco se adquire através de acordos e acertos, ou se encomenda pela internet. Saúde é vida, é disso que se trata. E, por ser exatamente disso que se trata, a expectativa que agora se aproxima do nosso “novo admirável mundo novo” tende a se transformar em realidade através da presença da esperada inteligência artificial, modelo saúde.
A anunciada, badalada e requintada IA, que há horas já circula e se apresenta como salvadora da pátria em tantos outros segmentos mundo afora, tende a brilhar na comissão de frente das novas investidas das autoridades brasileiras, especificamente, e com destaque no quesito saúde. Saúde como um todo, um pacote recheado de IA, com indicações seguras e esclarecedoras sobre como, onde e de que forma ela poderá ser aplicada em benefício da comunidade brasileira, em suas quatro regiões. Sabidamente, a população como um todo, e aquela menos favorecida financeiramente, enfrentam com frequência uma série de dificuldades quando buscam na saúde pública algum tipo de atendimento.
Da lista de problemas constam dificuldade na marcação de consultas, filas enormes para a realização de exames, confirmação de datas para a efetivação de cirurgias, carência de profissionais de saúde em unidades de atendimento e inúmeras outras falhas, todas levando ao usuário transtornos e desgastes em excesso. Não raro, os problemas gerados por essa maratona que aborrece, e muitas vezes leva ao stress emocional e até a atritos, ações jurídicas são acionadas, famílias recorrem à força da lei, em busca de compensação que julgam merecer.
Em síntese, a chamada judicialização que tanto atrapalha, emperra e burocratiza a adoção de medidas que, quase sempre, beneficiam alguns e poucas vezes contemplam a maioria. Essa mesma judicialização, que também mapeia gabinetes e entidades de outros setores de entidades públicas do nosso país, por mais de uma vez foi tema de debates em congressos e eventos, programados unicamente para viabilizar medidas efetivas que evitem sua proliferação danosa a todas as entidades públicas ou privadas.
Esse, e outros entraves de cunho burocrático, que abastecem a lista de problemas ligados ao sistema de saúde do Brasil, farão parte das tarefas encaminhadas à inteligência artificial, tema de destaque do 29º Congresso da Associação Brasileira de Planos de Saúde (ABRAMGE) no final deste mês de outubro, em São Paulo. Yuval Noah Harari, escritor e autor do best seller NEXUS, e uma das maiores autoridades em IA do mundo será um dos palestrantes. Noah, em seu livro, hoje nas livrarias de todo o mundo, faz um relato rico e minucioso sobre essa ciência renovadora. Segundo ele, “um breve relato e histórias de redes de informação, desde a idade da pedra até a inteligência artificial”.
Durante o evento, o autor transmitirá às autoridades do setor de saúde, médicos e todos aqueles ligados às atividades similares informações, mecanismos e meios de como melhor fazer uso e captar benefícios da inteligência artificial. No mesmo evento, conceituação jurídica e melhor forma de conduta quanto a medidas judiciais serão passadas aos congressistas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Alexandre Padilha, ministro da Saúde, a voz oficial do governo federal também estará no evento. Segundo relato de autoridades da classe médica e do próprio Ministério da Saúde, a população brasileira sofre com as doenças do coração, diabetes, câncer e moléstias contagiosas em diferentes regiões do país.
Sobrecarregado, o SUS (Sistema Único de Saúde) apresenta em vários estados uma carência médica preocupante, motivo de acirradas críticas frequentes. Salários baixos da classe médica, instalações hospitalares em precárias condições em vários estados também constam das intensas listas de queixas estampadas pela mídia, sem rodeios.
Planos de saúde com preços elevados também encabeçam a lista de obstáculos que, com certeza, estarão no rol de indicações que serão endereçadas as medidas de providências que serão encaminhadas à inteligência artificial. Que seja bem vinda.
José Natal é jornalista com passagem por grandes veículos de comunicação como Correio Braziliense, TV Brasília e TV Globo, onde foi diretor de redação, em Brasília, por quase 30 anos. Especializado em política, atuou como assessor de imprensa de parlamentares e ministros de Estado e, ainda, em campanhas eleitorais
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