Um levantamento inédito sobre saúde pública divulgado nesta quarta-feira, 8, mostrou que um terço da população da Amazônia Legal, composta por nove estados brasileiros, afirma sentir impactos das mudanças climáticas. Esse percentual (32,4%) cresce entre os povos tradicionais, como quilombolas, ribeirinhos e indígenas, atingindo 42,2% dos entrevistados. A pesquisa “Mais dados mais saúde — Clima e saúde na Amazônia Legal” estará disponível no Observatório da Saúde Pública.

Entre os efeitos mais sentidos estão ondas de calor (64,7%), secas persistentes (29,6%), incêndios florestais com fumaça intensa (29,2%) e desmatamento (28,7%). Para 26,7%, houve piora na qualidade do ar, e, para 19,9%, queda na qualidade da água. As mudanças climáticas também afetam o bolso dos entrevistados: 83,4% relatam ter sofrido aumento na conta de luz e 73%, nos preços dos alimentos.

Seca em Manaus, em 2023

Seca em Manaus, em 2023 – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A maioria relatou preocupação com a crise climática. Para 90,6%, o planeta vive um processo de aquecimento global, enquanto 88,4% afirmaram que as mudanças do clima já ocorrem no Brasil e no mundo. Quase 40% dos moradores da região conhecem alguém diretamente afetado por mudanças climáticas. Esse número vai a 48,4% entre as comunidades tradicionais.

O levantamento trouxe também dados sobre o comportamento e a consciência ambiental da população amazônica: 64% afirmam separar o lixo para reciclagem, chegando a 70,1% entre povos tradicionais. Segundo a pesquisa, 74,9% têm o hábito de desligar luzes para economizar energia e 46,8% acreditam que podem contribuir pessoalmente para enfrentar a crise climática.

As comunidades tradicionais também registram maior adesão a práticas sustentáveis e mais disposição para mudanças de hábito. Para os pesquisadores, esse comportamento está relacionado à relação direta dessas populações com o território e os recursos naturais, o que amplia a percepção dos impactos.

A pesquisa foi realizada com 4.037 pessoas, entre maio e julho, pelas organizações Umane e Vital Strategies, com apoio do Instituto Devive.