Ir a Roma e não ver o papa, literalmente, não era o plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou o pontífice nesta segunda-feira, 13, no Vaticano. Confirmada no fim de semana, a visita teve um caráter de apresentação, pois na posse de Leão XIV, em maio deste ano, Lula participou da cerimônia, mas sem conversa bilateral.
No encontro desta segunda, Lula convidou o papa para visitar o Brasil na Conferência do Clima (COP30). O relato foi feito pelo presidente em rede social.
“Convidei-o a vir à COP30, considerando a importância histórica de realizarmos uma Conferência do Clima pela primeira vez no coração da Amazônia. Por conta do Jubileu, o papa nos disse que não poderá participar, mas garantiu representação do Vaticano em Belém. Ficamos muito felizes em saber que sua Santidade pretende visitar o Brasil no momento oportuno. Será muito bem recebido, com o carinho, o acolhimento e a fé do povo brasileiro”, postou Lula, em sua rede social, após o encontro.
Na visita, Lula estava acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva, dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), da senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e do embaixador do Brasil junto ao Vaticano, Everton Veira.
“Conversamos sobre religião, fé, o Brasil e os imensos desafios que temos que enfrentar no mundo”, disse Lula. “Parabenizei o Santo Padre pela Exortação Apostólica Dilexi Te (Eu te amei, em latim) e a sua mensagem de que não podemos separar a fé do amor pelos mais pobres. Disse a ele que precisamos criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade e considero o documento uma referência, que precisa ser lido e praticado por todos”, postou Lula.
Por meio da exortação, o papa busca passar o tom de seu pontificado, se dirigindo aos fiéis com ensinamentos a respeito de questões diversas. Nessa mensagem, Leão XIV enfatizou a questão da desigualdade entre os mais pobres e os que vivem em uma “bolha de conforto e luxo”. “Assim, num mundo onde os pobres são cada vez mais numerosos, assistimos, paradoxalmente, ao crescimento de uma elite abastada, vivendo numa bolha de conforto e luxo, quase num outro mundo em comparação com as pessoas comuns”, diz o documento.
Lula buscou mostrar ao papa sua proximidade com religiosos brasileiros e sua convivência, no passado, nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica, que estiveram na formação do PT. Entre os nomes citados por Lula estão bispos já falecidos como Paulo Evaristo Arns, Hélder Câmara, Luciano Mendes de Almeida e Pedro Casaldáliga. Também falou sobre sua proximidade com o atual presidente da CNBB, o cardeal, Jaime Spengler.
O presidente procurou, ainda, mostrar alinhamento com a questão levantada pelo papa em relação à desigualdade no mundo, buscando um diálogo mais próximo com interesse comum. “Falei ao papa sobre minha participação hoje no encontro da FAO e como em dois anos e meio tiramos pela segunda vez o Brasil do Mapa da Fome. E, agora, estamos levando este debate para o mundo por meio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, disse o presidente brasileiro em suas redes sociais.
Lula tem feito acenos a religiosos, católicos e evangélicos. Nesta semana, esteve na Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, para, segundo ele, agradecer por não não ter embarcado em um avião, com problemas, para a Ilha do Marajó. Ele comentou com o papa sobre a festa em homenagem à santa.
“Lembrei que ontem tivemos uma demonstração imensa dessa fé no Círio de Nazaré e nas comemorações do Dia de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil”, disse Lula nas redes.