Lideranças do PT e membros do governo aumentaram a pressão sobre Lula para acelerar a indicação de Jorge Messias, da AGU (Advocacia-Geral da União), para a vaga no STF aberta com a saída antecipada de Luís Roberto Barroso. Esta é a última semana de trabalho do ministro no tribunal.
A cobrança de aliados por uma indicação rápida de Messias, o favorito entre os nomes cotados para o cargo, pode ter resultados. O presidente prometeu acelerar a escolha, que deve ser feita assim que retornar de Roma, segundo ele disse nesta segunda-feira, 13.
Um membro do governo avaliou que a demora pode fazer crescer os rumores de uma “preferência” de Lula por uma mulher, privilegiando o caráter de maior equidade de gênero para o colegiado da corte – são onze ministros e só uma mulher, Carmen Lúcia.
As cobranças internas, do partido e de aliados, ganharam peso no final de semana com especulações de nomes de mulheres com perfil para a vaga, apostas em nomes como o do desembargador do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) Rogério Favretto, que deu ordem para soltar o presidente da prisão na Operação Lava Jato na sede da Polícia Federal em Curitiba, e os movimentos políticos dos possíveis substitutos.
Nesta segunda-feira, 13, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) esteve na residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que recebeu o presidente do STF, ministro Edson Fachin, o presidente do STJ, Hermann Benjamin, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Segundo a assessoria de Alcolumbre, a pauta incluiu a modernização e os custos da Justiça Federal, a regulamentação da PEC que regulamenta o Código Civil, de autoria de Pacheco, e também da emenda constitucional sobre recursos especiais no STJ.
“Conversamos sobre questões importantes para o Brasil e que vêm sendo debatidas desde a gestão de Pacheco à frente do Senado”, disse Alcolumbre, que defende o nome de Pacheco para o STF e pediu a presença dele na reunião com os presidentes dos tribunais e com Gonet. Além do apoio de forças importantes do Congresso, o ex-presidente do Senado é aliado estratégico para o PT e para Lula em Minas Gerais. Eventual escolha de Pacheco passa antes pela composição partidária de chapa para a disputa em Minas Gerais em 2026.
Além do senador e do desembargador, outros nomes especulados para a vaga de Barroso são o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Bruno Dantas, a presidente do STM (Superior Tribunal Militar), Maria Elizabeth Rocha, o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Vinícius de Carvalho, e o advogado-geral da Petrobras, Wellington Cesar Lima e Silva.
Favorito
Defensores de uma indicação rápida pelo presidente classificam Messias como o nome que mais agrega pontos importantes para a escolha: vem da máquina do PT, integra o círculo de confiança do presidente e, principalmente, é evangélico. A busca por apoio e pelos votos desse segmento religioso é um desafio para o PT.
O chefe da AGU esteve reunido com Fachin há uma semana, na véspera do anúncio de Barroso sobre sua antecipação de aposentadoria. O ministro avisou na sessão de quinta-feira, 9, que permaneceria mais uma semana e entregaria a toga. Foi ele um dos defensores de uma indicação feminina para substituí-lo.
Em Roma, Lula falou nesta segunda-feira, 13, sobre a escolha. O presidente prometeu definir um nome assim que voltar da viagem.“Não quero um amigo, quero um ministro que terá como função específica cumprir a Constituição brasileira, essa é a qualidade que eu quero”, afirmou Lula, aos jornalistas, no Vaticano. “Quero uma pessoa, não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco, quero uma pessoa gabaritada para ser ministro”, explicou Lula.