A reunião entre o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Washington nesta quinta-feira, 16, representou mais um passo na reaproximação diplomática e comercial entre os dois países. Vieira classificou o encontro de “ótimo” e “muito produtivo” para a retomada das relações entre os dois países.

Na conversa, foi reforçado o interesse de ambas partes na realização, em breve, de uma reunião entre os presidentes Lula e Trump. Existe a possibilidade de que esse encontro aconteça na Malásia durante a 46ª Cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), entre 26 e 28 de outubro.

O encontro em Washington foi um desdobramento dos contatos entre Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU e por telefone. Técnicos do Itamaraty e da Secretaria de Estado americana trabalham na construção de uma agenda para negociar a redução de tarifas e o fim das sanções contra autoridades brasileiras, informou Vieira.

O restabelecimento da normalidade das relações entre o Brasil e os Estados Unidos marca o enfraquecimento da influência de Jair Bolsonaro e de seus aliados com o governo americano. A mudança de ambiente nas relações dos dois países aconteceu depois da condenação do ex-presidente pelo STF.

Caso a reunião de Lula com Trump seja confirmada, um dos assuntos espinhosos que pode ser tratado é a ameaça dos Estados Unidos de invadir a Venezuela e destituir o presidente Nicolás Maduro. Durante a semana, o presidente americano autorizou a realização de operações secretas da CIA em território venezuelano e os EUA afundaram barcos próximos ao país sulamericano sob a alegação de que transportavam drogas.

Em conversa com o PlatôBR, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse que o governo ainda avalia a “conveniência a oportunidade” de inclusão desse tema no provável encontro entre os dois presidentes.

Alckmin negocia parcerias comerciais com a Índia
Na Índia, o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, estreitou as parcerias comerciais e fechou um contrato de venda de 6 milhões de petróleo da Petrobras. Entre outros entendimentos, os dois países acertaram a criação de vistos eletrônicos para o setor empresarial. Essa iniciativa vai facilitar o trânsito de executivos e investidores para a realização de negócios entre companhias brasileiras e indianas.

O objetivo do Planalto é aumentar o comércio bilateral para chegar a US$ 20 bilhões até 2030. Em 2024, os negócios somaram R$ 12 bilhões.

Aumentam as pressões sobre Lula para indicação de ministro do STF
Permanece a expectativa em Brasília para a escolha por Lula do sucessor do ministro Luís Roberto Barroso, que encerra hoje sua passagem pelo STF. Durante a semana, aumentaram as pressões sobre o presidente pelos nomes do advogado-geral da União, Jorge Messias, e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Na terça-feira, 14, Lula recebeu para um jantar no Palácio da Alvorada os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Eles demonstraram preferência pela indicação de Pacheco, pela influência no Senado, onde tramitam propostas de impeachment de ministros do Supremo e, também, de redução das prerrogativas do tribunal.

Messias teve o apoio explícito de líderes da Assembleia de Deus Madureira. Os pastores disseram que a escolha do advogado-geral da União representaria uma “virada de chave” na relação de Lula com os evangélicos, que majoritariamente votaram em Jair Bolsonaro nas duas últimas eleições presidenciais.

Em todas as apostas, Messias permanece favorito para a vaga.

Gleisi comanda as demissões de indicados do Centrão
A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) anunciou nesta semana a decisão do governo de demitir indicados dos partidos do Centrão que ajudaram a derrubar a MP dos impostos, que permitiria ao governo arrecadar cerca de R$ 35 bilhões em 2025 e 2026. As legendas mais afetadas são PP, PSD e Republicanos.

Esses partidos têm centenas de nomes na máquina federal. De acordo com Gleisi, o objetivo é “reorganizar” a base do governo no Congresso.

Ao mesmo tempo que pune os “infiéis”, o Planalto fortalece a relação com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para a priorização das pautas de interesse do governo. A pauta econômica, conduzida pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) é a mais urgente: a votação da LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias) de 2026 está atrasada.