De olho em uma aproximação maior com movimentos sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu, nesta segunda-feira, 20, nomear o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência da República, substituindo o ministro Márcio Macêdo. Boulos ocupará um dos cargos mais próximos do presidente, na chamada “cozinha” do Planalto, e o objetivo é facilitar a interlocução de Lula e do PT com setores que, na visão do governo, podem fazer diferença na campanha eleitoral do próximo ano.

A substituição já era esperada e chegou a ser prevista várias vezes nos últimos meses. A mudança representa a pavimentação de um caminho que Lula pretende trilhar no próximo ano, mais à esquerda. A nomeação, que será publicada no Diário Oficial da União nesta terça, 21, ocorre ao mesmo tempo que Lula se afasta de setores mais à direita do Centrão, que compuseram a frente ampla de sua eleição, mas não apoiaram as pautas de interesse do governo. 

O nome de Boulos para Secretaria-Geral está no radar de Lula desde o ano passado. Antes, as conversas não avançaram porque o deputado tinha a intenção de se candidatar a mais um mandato na Câmara. Após as fortes manifestações contra a anistia para os condenados por tentativa de golpe e contra a “PEC da blindagem”, Lula identificou potencial de mobilização e tratou do assunto com auxiliares e dirigentes petistas.

Para Boulos, a ida para o Planalto é também um aposta na reeleição de Lula. Ele informou ao presidente preferir o cargo no Planalto à eleição, mas quer seguir no governo a partir de 2027. Isso não exclui uma possível candidatura à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL em 2028, com o apoio de Lula, ou mesmo filiado ao PT, assunto que já foi tratado entre os dois no passado. Em 2024, Boulos chegou chegou ao segundo turno na disputa municipal, mas perdeu a eleição para o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Essa é a 13.ª substituição feita pelo presidente no primeiro escalão desde que assumiu o terceiro mandato, em 2023.