Não deve ser a preocupação de Eduardo Paes por agora — espera-se — mas, se já parecia difícil, ficou ainda mais complicado para o prefeito do Rio de Janeiro juntar em seu palanque de 2026 Cláudio Castro e o PT. A megaoperação do governo Castro que resultou em 64 mortes nessa terça-feira, 28, deflagrou também uma briga política.
A fala do governador de que teria pedido ajuda ao governo Lula, mas ficado sozinho para lidar com o narcotráfico, azedou qualquer tentativa de ponte. Castro foi prontamente respondido pelo governo, especialmente por Ricardo Lewandowski, e rechaçado pelas lideranças petistas.
Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias condenou em nota pública o que chamou de “política de derramamento de sangue”: “Repudiamos a insistência do governador em uma estratégia de guerra, já exaustivamente fracassada, que faz da polícia fluminense uma das que mais mata e mais morre no mundo”, escreveu o petista.
Lindbergh também afirmou que “a postura de Cláudio Castro é vergonhosa e eleitoreira”. Segundo o petista, “é uma falsidade grotesca afirmar que o estado está sozinho. O governo federal, atendendo a pedidos locais, mantém atuação permanente da Força Nacional, da Polícia Federal e da PRF, com resultados expressivos na apreensão de armas e drogas, além de criar estruturas como o Cifra para atacar o financiamento do crime”.
O presidente do PT, Edinho Silva, também divulgou nota criticando Castro. “Segurança pública não se faz com ações isoladas, improvisadas e que colocam a população em risco. Segurança pública se faz com planejamento, inteligência, articulação e responsabilidade”, escreveu.
Apoiador da aliança em torno de Paes, o vice-presidente do PT e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, não quis se manifestar.
No início da noite, a Presidência divulgou nota a respeito da reunião convocada por Geraldo Alckmin com a alta cúpula do governo. O texto traz mais uma estocada em Castro: “Durante a reunião, as forças policiais e militares federais reiteraram que não houve qualquer consulta ou pedido de apoio, por parte do governo estadual do Rio de Janeiro, para realização da operação”.
Rui Costa, segundo a assessoria, telefonou para Cláudio Castro para oferecer vagas em presídios federais aos detidos e pediu uma reunião de emergência no Rio com Lewandowski nesta quarta-feira.
