BELÉM – No primeiro dia de reuniões bilaterais com chefes de Estado e de governo que estão na capital do Pará para participar da Cúpula do Clima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concentrou esforços na tentativa de convencê-los a despejar dinheiro no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). O governo brasileiro acendeu o alerta após o Reino Unido sinalizar que não contribuirá com a iniciativa.
O TFFF é uma iniciativa brasileira que prevê pagamentos a países que garantam a conservação das florestas. No total, mais de 70 nações em desenvolvimento com florestas tropicais em seu território poderão receber os recursos.
Nesta quinta-feira, 6, Lula terá uma reunião bilateral com o herdeiro do trono da Inglaterra, príncipe William, e com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Em entrevista coletiva após os compromissos desta quarta, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, minimizou a possibilidade de os britânicos não fazerem um aporte no TFFF neste momento,
“É uma plataforma que está aberta, os países podem participar inicialmente, podem entrar mais adiante, mas vai haver participação de outros países. É natural que os países façam, não imediatamente, mas dentro de algum período. Mas nós temos muita esperança de que será um fundo muito bem sucedido”, disse.
A previsão do governo brasileiro quando estruturou o fundo e iniciou as apresentações do plano era de captar US$ 25 bilhões em aportes de países e elevar esse montante para US$ 125 bilhões com aplicações de instituições privadas, fundos soberanos e fundos de pensão.
Diante das resistências de alguns países, o ministro Fernando Haddad (Fazenda), anunciou na última terça-feira, 4, que a meta é captar US$ 10 bilhões em um ano.
“Se a gente terminar o primeiro ano com US$ 10 bilhões de recursos públicos, seria um grande feito. A meta que todos nós estamos nos colocando é de, durante a presidência do Brasil, chegar a US$ 10 bilhões de dinheiro público, e depois podem vir as fundações, os fundos de pensão, as empresas”, afirmou Haddad.
Reuniões em série
Após a reunião com William e Starmer, às 13 horas o petista oferece um almoço aos chefes de Estado e de governo para falar sobre o TFFF. Às 15 horas, ele tem uma reunião bilateral com o presidente da França, Emmanuel Macron. A expectativa é de que os franceses façam um aporte no fundo.
Até o momento, somente Brasil e Indonésia anunciaram aportes – cada um de US$ 1 bilhão. Nas reuniões bilaterais que teve nesta quarta, com o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Lula aproveitou para pedir contribuições. O Palácio do Planalto afirmou em nota que Stubb se comprometeu a analisar o TFFF.
Acordo comercial
O chanceler Mauro Vieira disse que, na reunião com Lula, a presidente da Comissão Europeia voltou a afirmar que o acordo entre a União Europeia e o Mercosul será assinado entre as partes em dezembro.
“Estudamos e discutimos a situação atual, e a presidente da comissão reafirmou sua certeza, sua crença, sua firme esperança de que o acordo seja assinado no final do ano, dia 20 de dezembro, no Rio de Janeiro, quando será realizada a Cúpula do Mercosul”, declarou Vieira.
