Os deputados do agronegócio decidiram fincar pé contra o avanço do leite estrangeiro no mercado brasileiro e miram diretamente as importações do Mercosul. Nas vésperas de o bloco sul-americano assinar o acordo com a União Europeia, a bancada do agro se articula para barrar até mesmo o leite vindo de parceiros como Argentina e Uruguai.
Com importações recordes e produtores recebendo menos de R$ 2 por litro — abaixo do custo médio de R$ 2,40 —, o clima entre os parlamentares ruralistas é de emergência. Em meio ao imbróglio, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, chegou a defender que o governo federal compre leite de produtores nacionais para aliviar o setor, em coletiva dada na terça-feira, 4. A sugestão da medida não acalmou a Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite, que reclama que a União não aplicará medidas antidumping, instrumentos usados por países para reagir à entrada de produtos importados vendidos a preços artificialmente baixos.
A Frente acusa o governo federal de ter “lançado uma sentença de morte aos produtores de leite” ao negar o antidumping e permitir aumento de 28% nas importações em setembro. Esse é o terceiro maior volume da série histórica.
A deputada Ana Paula Leão, do PP de Minas Gerais, presidente da Frente em Apoio ao Produtor de Leite, cobrou a revisão da decisão que negou medidas antidumping. Ela também pediu a suspensão temporária das compras do Mercosul.
O grupo anunciou que fará da revisão da decisão pauta prioritária nos próximos dias e não descarta chamar produtores de todo o país pra pressionar a Esplanada dos Ministérios.
