Gleidison Azevedo, irmão do senador Cleitinho (Republicanos-MG) e prefeito de Divinópolis (MG) pelo Novo, chegou a ser confundido na internet ao aparecer em uma foto com o ministro da Educação, Camilo Santana, com quem se reuniu para tratar da inauguração de um hospital. Perguntado se era ele que posava para foto ao lado do ministro de Lula, Cleitinho correu para explicar rapidamente que não era, mas o irmão. Irmão gêmeo – daí a confusão.
Eleito em 2022 com apoio de Jair Bolsonaro, o senador começou o mandato em franca oposição ao governo petista. Uma parceria com Santana, portanto, de fato seria improvável. Mas os últimos movimentos da política mineira indicam que a confusão com a foto pode, ironicamente, fazer algum sentido: embora ele não estivesse na cena com o ministro, petistas admitem que, nos bastidores, buscam uma aproximação com Cleitinho.
Integrantes do PT dizem que emissários do Republicanos enviaram ao partido sinais de interesse em conversar sobre a sucessão estadual. Cleitinho aparece à frente nas pesquisas para governador e, até agora, tem como principal adversário o atual vice-governador, Mateus Simões (PSD), que em março vai assumir o lugar de Romeu Zema, que terá que se desincompatibilizar do cargo para disputar as eleições.
O PT e o grupo político do senador entendem que uma aproximação poderia ser interessante para os dois lados. Seria mais uma opção no incerto cenário da disputa pela cadeira de Zema. Hoje os petistas aguardam a definição sobre a candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O ex-presidente do Senado é o preferido de Lula como possível candidato apoiado pelo governo federal, mas há sérias dúvidas sobre a disposição dele em participar da disputa. O desejo de Pacheco é ocupar a vaga no STF deixada por Luís Roberto Barroso, mas o favorito é o atual advogado-geral da União, Jorge Messias.
O quadro tem outros possíveis nomes. Na hipótese de Pacheco não aceitar a candidatura, a opção mais provável do PT é o lançamento ao governo da prefeita de Contagem, Marília Campos, filiada ao partido. Outro nome posto na mesa é o da também petista Margarida Salomão, prefeita de Juiz de Fora.
Em paralelo, os dirigentes do partido observam os sinais de Cleitinho, tanto em declarações públicas quanto em conversas discretas de bastidores que tentam abrir um diálogo até há pouco impensável. “Os sinais dele tem dado eco”, disse um expoente do PT mineiro ao PlatôBR.
Algumas posições adotadas pelo senador do Republicanos nos últimos meses facilitam as conversas. Cleitinho defendeu em discursos o projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Ele também é favorável ao fim da jornada de trabalho 6×1, proposta que deve ser encampada por Lula em sua provável candidatura à reeleição ao Planalto.
Falante e despojado
Cleitinho começou a carreira na política como vereador em Divinópolis, virou deputado estadual e, em 2022, alcançou a vaga no Senado com mais de 41% dos votos, em aliança com Bolsonaro. O estilo comunicativo, o jeito despojado (ele costuma ir de tênis às sessões do Senado), as frases de efeito e as posições pragmáticas o consolidaram como um outsider. Uma inédita composição com a esquerda, mesmo que por conveniência eventual, seria mais um passo na carreira surpreendente do senador.
