Depois do fracasso das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no Rio de Janeiro, o governo lançou um modelo de retomada de territórios dominados pelo crime organizado, sem a presença do Exército ou da Força Nacional. O projeto piloto está sendo desenvolvido no Rio Grande do Norte, em parceria com a governadora petista Fátima Bezerra e a Universidade de São Paulo. A expectativa do governo é que ele possa ser replicado a partir do próximo ano.
O projeto da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) vem sendo gestado desde março, quando a Polícia Federal e as polícias locais começaram uma ação de inteligência para ocupar uma comunidade dominada pelo Comando Vermelho, que tem se expandido no estado. No mês passado, a operação resultou na prisão de ao menos 30 suspeitos. Agora, o projeto está em fase de inclusão de serviços públicos, como acesso à Justiça e a presença da Defensoria Pública. A expectativa do secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, é que, até dezembro, já haja resultados suficientes para replicar o modelo em outras localidades.
“O grande problema que vimos lá atrás, na UPP, foi, em primeiro lugar, que ela deveria ser uma operação feita aos poucos, com muito cuidado, em locais específicos. Esse tipo de projeto a gente não pode achar que vai ser a solução para todos os problemas de qualquer lugar do Brasil”, disse o secretário à coluna.
Sarrubbo continuou:
“Outro grande problema da UPP é que eles fizeram um case de sucesso, mas não entraram com serviços e entenderam que era possível manter a Polícia Militar saturando territórios em todo o Rio de Janeiro. Isso não é possível. Não há dinheiro suficiente, não há homens suficientes. E tem que entrar com serviços, para aquela comunidade virar um bairro como outro qualquer”.
De acordo com o secretário, o trabalho de inteligência foi priorizado e se estendeu por mais de cinco meses.
A coluna apurou que o primeiro estado procurado para implantar o projeto piloto do Ministério da Justiça foi a Bahia, mas o governador petista Jerônimo Rodrigues rejeitou a ideia porque seu governo desenvolve um outro tipo de ação nas comunidades, o “Bahia pela paz”.
