Dono de sete títulos consecutivos da Copa Libertadores entre 2019 e 2025, o futebol brasileiro reina na América do Sul a partir de um poderio econômico que supera em até dez vezes os valores movimentados em outros países da região.

O Relatório de Finanças do Futebol, da Sportinsider, que analisou o panorama financeiro do futebol mundial em 2024, apontou que a primeira divisão do país movimentou R$ 10,6 bilhões na última temporada. O valor é dez vezes maior que o da chilena, oito vezes maior que o da uruguaia e pelo menos cinco vezes acima da colombiana e da argentina. Nenhum outro mercado combina escala, receita e folha salarial na mesma proporção.

Cinco clubes brasileiros — Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Botafogo — concentram 47% da receita nacional. Mesmo fora desse grupo, a diferença é gritante: o Santos, rebaixado em 2023, faturou R$ 250 milhões em 2024 mesmo disputando a segunda divisão, valor próximo à elite chilena e uruguaia.

O Brasileirão é também o torneio mais desigual da região quando o assunto são os direitos de transmissão, que distribuíram R$ 2,3 bilhões entre os clubes da Série A no ano passado. O primeiro colocado em cotas de TV recebe sete vezes mais que o último, em um sistema sem liga centralizada.

Na Argentina, a tradição de River Plate e Boca Juniors resiste em meio à crise econômica. A dupla fatura mais de dez vezes o que arrecadam clubes médios e lidera graças às mensalidades de sócios, sendo a principal fonte de receitas do futebol local. Os 11 maiores clubes somam R$ 1,015 bilhão em associações e R$ 100 milhões em bilheterias, mas dependem cada vez mais dos dólares da Conmebol para compensar a desvalorização do peso.

No Uruguai, Peñarol e Nacional somam R$ 350 milhões em receitas. Com publicidade fraca e cotas modestas, ambos vivem de associados e transferências. As premiações da Libertadores viraram tábua de salvação: o Peñarol, semifinalista em 2024, recebeu 519 milhões de pesos uruguaios apenas em prêmios.

No Chile, toda a liga gera R$ 1,06 bilhão, apenas 10% do Brasileirão. Lá, Colo-Colo, Universidad de Chile e Universidad Católica ficam com 54% da receita, e a TNT Sports reparte cotas quase iguais aos 16 clubes, somando apenas R$ 340 milhões no total.

Na Colômbia, a receita é de R$ 1,2 bilhão, cerca de 12% da brasileira. Atlético Nacional, Millonarios, América de Cali, Independiente Medellín e Junior de Barranquilla concentram 58% do bolo. O contrato exclusivo da Win Sports distribui apenas R$ 199 milhões anuais aos clubes, uma das menores cifras do continente.