Após uma primeira semana morna nas negociações, marcada por invasões e protestos em Belém, a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) entra na fase decisiva. Com a chegada de ministros de 160 países à capital paraense, o governo brasileiro tenta definir os termos da proposta que pretende mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano, até 2035, para financiar medidas que vão garantir a transição climática e energética para frear o aquecimento global. 

A tarefa não é fácil e colocará a diplomacia brasileira à prova. Na COP29, em Baku, no Azerbaijão, os países desenvolvidos se comprometeram com apenas US$ 300 bilhões. Com a economia global em desaceleração, juros altos em diversas nações e aumento do endividamento público generalizado, mobilizar capital para a transição energética é mais um desafio para os chefes de Estado. Além disso, o lobby da indústria do petróleo tem freado o avanço do debate sobre redução das emissões de poluentes. 

Diante desses desafios, e para evitar um fracasso na mobilização global de recursos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Belém nesta quarta-feira, 19, para usar o próprio capital político no processo de convencimento dos ministros estrangeiros.

Além de conseguir um compromisso formal dos países desenvolvidos com o financiamento climático, o governo brasileiro ambiciona incluir no documento final do evento uma referência ao compromisso dos países para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. No melhor dos cenários, a equipe de Lula quer definir um “mapa do caminho”, documento que possa sinalizar que medidas devem ser tomadas para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. 

Negociações em curso
Para tentar destravar essa negociação, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, anunciou em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 17, que os temas relativos a financiamento, metas climáticas mais ambiciosas, medidas comerciais unilaterais e relatórios de transparência serão discutidos em bloco e deliberados de maneira conjunta. Os temas de adaptação e a transição energética justa também estarão nesse primeiro bloco de assuntos. 

“O pacote vai começar a ser negociado, tivemos que mudar os horários de trabalho para poder continuar as negociações à noite e vamos antecipar os resultados ao máximo. Recebemos um importante apoio dos líderes”, disse Corrêa do Lago.

O presidente da COP30 informou ainda que um segundo pacote será negociado ao longo da semana, reunindo os demais temas que não têm relação direta com o primeiro bloco.

“Vamos procurar antecipar ao máximo os resultados dessa COP em dois pacotes: um que nós vamos buscar fechar até a metade da semana, e o segundo pacote para tentar fechar na sexta-feira”, completou o embaixador.