Com a decisão do Banco Central de liquidar o Banco Master, o Banco Master de Investimento, o Banco Letsbank e a Master Corretora de Câmbio, caberá ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito) ressarcir os clientes dos depósitos e investimentos que mantinham nas instituições financeiras. Segundo o fundo, o as empresas liquidadas possuem 1,6 milhão de credores, que devem receber R$ 41 bilhões.

Pelas regras vigentes, o FGC garante até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e por instituição ou conglomerado financeiro. Na hipótese de ocorrer a liquidação de mais de uma companhia associada em um período de até quatro anos, o valor máximo a ser pago pelo fundo para a mesma pessoa ou empresa fica limitado a R$ 1 milhão.​

O fundo garante depósitos em conta-corrente, poupança, CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Até setembro de 2025, o FGC tinha um patrimônio de R$ 160 bilhões, dos quais R$ 122 bilhões correspondiam a recursos líquidos em caixa, para o exercício de sua atividade.

O FGC informou que após o BC determinar a liquidação do Master, cabe ao administrador nomeado preparar uma lista de pessoas, empresas e valores a serem pagos. Esse processo pode levar, em média, 30 dias úteis. 

O pagamento dos recursos não é automático. Com as informações recebidas da instituição, o FGC libera a solicitação no aplicativo para que os credores cadastrem a conta bancária, façam a validação da biometria e o envio de documentos. Após a assinatura de um termo pelo aplicativo, o pagamento é realizado na conta bancária cadastrada. Para as empresas, o processo de solicitação é feito por meio do site do FGC.

Crise de liquidez
Em nota, o BC informou que a intervenção e a liquidação do Master decorreu de “grave crise de liquidez”, pelo “comprometimento significativo da sua situação econômico-financeira” e de “graves violações às normas que regem a atividade” das instituições integrantes do SFN (Sistema Financeiro Nacional).

A autoridade monetária informou ainda que tomará todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades, nos termos de suas competências legais.

“O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas sancionadoras de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis. Nos termos da lei, ficam indisponíveis, a partir de hoje, os bens dos controladores e dos ex-administradores das instituições objeto dos regimes especiais decretados”, afirmou o BC em nota divulgada nesta terça-feira, 18.

Em paralelo à liquidação extrajudicial do Master, a Polícia Federal deflagrou nesta terça a Operação Compliance Zero, para investigar transações entre o Master e o BRB. O BRB tentou comprar o Master, mas a operação foi negada pelo BC. 

Segundo a PF, que cumpriu mandados de prisão contra cinco executivos do Master, entre eles seu controlador, Daniel Vorcaro, as apurações tiveram início em 2024, após pedido do Ministério Público Federal, para investigar a possível “fabricação de carteiras de crédito insubsistentes”.

Os títulos teriam sido vendidos pelo Master ao BRB e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada, em operações que a PF disse estimar em R$ 12 bilhões.