A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) informou na última quarta-feira, 19, que o governo da Alemanha fará um aporte de 1 bilhão de euros (US$ 1,15 bilhão) no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). O anúncio frustrou auxiliares do presidente Luiz Inácio da Silva e integrantes da equipe econômica, que esperavam um depósito em valores próximos ao do governo da Noruega, que se comprometeu a desembolsar US$ 3 bilhões.
Com o anúncio alemão, o TFFF acumula mais de U$$ 6,5 bilhões em promessas de aporte. Durante a Cúpula de Líderes de Belém, após reunião com Lula, o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, afirmou que o país faria um desembolso “considerável“, mas o anúncio formal seria feito em outra oportunidade, diante da necessidade de previsão dos recursos no orçamento público. Integrantes da equipe econômica esperavam essa formalização até o fim do ano.
Tamanha era a expectativa do governo, que o ministro Fernando Haddad (Fazenda), em entrevista à CNN Brasil em 10 de novembro, afirmou que o fundo poderia alcançar antecipadamente a meta de US$ 10 bilhões. A previsão da equipe econômica é angariar US$ 25 bilhões em aportes de governo e alavancar o montante a US$ 125 bilhões com desembolsos do setor privado.
“A depender da disposição do anúncio da Alemanha, nós podemos superar essa marca [de US$ 10 bilhões]. Até o fim do ano, a Alemanha deve anunciar o aporte [no fundo]”, disse Haddad, na ocasião.
Para auxiliares de Lula, o anúncio de 1 bilhão de euros dos alemães foi uma surpresa e pareceu uma tentativa de reduzir o mal-estar criado por Merz. Durante discurso na última quinta-feira, 13, durante o Congresso Alemão de Comércio, ele fez uma declaração polêmica sobre sua passagem pelo Brasil.
“Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, disse Merz, na ocasião.
Como mostrou o PlatôBR, o governo brasileiro aposta em aportes de outros seis países no TFFF ao longo do próximo ano: Reino Unido, China, Suécia, Dinamarca, Canadá e Emirados Árabes Unidos.
Diferente dos fundos convencionais de doação, o TFFF opera como um mecanismo de investimento de impacto. Os recursos serão investidos em ativos de renda fixa, como títulos públicos. O retorno dessas operações, descontados os pagamentos aos investidores e custos operacionais, será distribuído a países que comprovarem resultados na conservação ambiental, com ao menos 20% dos recursos dedicados a povos indígenas e comunidades tradicionais.
