Jair Bolsonaro revelou ter tentado abrir com um ferro quente de solda a tornozeleira eletrônica que usa na perna desde julho, por medida cautelar determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. A ação do ex-presidente foi interpretada pela Polícia Federal como possível tentativa de quebra ou inutilização do equipamento para fuga. Esse fato provocou a prisão de Bolsonaro em Brasília na manhã deste sábado, 22, por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).

“Eu meti ferro quente aí. Curiosidade”, respondeu Bolsonaro ao ser questionado por uma agente na sede da Superintendência da PF, já preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes. A policial pediu detalhes: “Que ferro foi, ferro de passar?”. Ele explicou: “Não, ferro de soldar, de solda”.

Sobre uma possível tentativa de danificação na pulseira que mantém a tornozeleira afixada no corpo, o ex-presidente negou. “Não rompi a pulseira, não”, afirmou Bolsonaro. A tentativa de abrir o equipamento teria começado no fim da tarde de sexta-feira, 21, segundo o ex-presidente.

Feito de material plástico, a tornozeleira tem formato retangular [na foto em destaque, Bolsonaro exibe o equipamento, que havia colocado poucos dias antes]. As bordas não encostadas no corpo foram  derretidas, indicação de tentativa de abertura. A Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) informou ter identificado “sinais claros e importantes de avaria” e ressaltou que as “marcas de queimadura” estavam “em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case”.

O ex-presidente foi detido em casa, onde cumpria prisão domiciliar desde julho, às 6 horas deste sábado, 22. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, alegou que a imediata prisão era necessária para manter a ordem pública e garantir o trabalho da Justiça.

Duas versões
O disparo de alerta da tornozeleira eletrônica foi crucial para decretação de prisão. Assim que o painel do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica – que acompanha em tempo real, 24 horas por dia, os equipamentos em uso – piscou e gerou um “alerta de violação do dispositivo”, uma equipe de escolta da polícia penal foi até a residência de Bolsonaro. O ex-presidente recebeu pessoalmente os agentes e, na primeira reação, disse que poderia ter batido a tornozeleira na escada.

Antes de mandar prender Bolsonaro, Moraes ouviu a PGR (Procuradoria Geral da República), que aprovou a ação. O relator anexou no processo um vídeo da vistoria do equipamento e registrou que a divulgação foi feita após “inúmeras informações errôneas” que foram “divulgadas” sobre a violação da “tornozeleira eletrônica”.

Moraes mandou que Bolsonaro explique em 24h os motivos da violação do equipamento. Na segunda-feira, 24, a Primeira Turma do STF vai analisar se a ordem de Moraes foi justificada e se deve ser referendada.