O Supremo Tribunal Federal decide nesta semana o futuro de Jair Bolsonaro, preso desde sábado, 22, na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal. Nesta manhã, a Primeira Turma formou maioria e confirmou a prisão preventiva decidida pelo relator, Alexandre de Moraes, de mandar prender o ex-presidente depois do alerta de alteração da tornozeleira eletrônica.

Nesta terça-feira, 25, termina o prazo para a apresentação de embargos da defesa. considere desnecessário conceder mais tempo para novos recursos dos advogados, Moraes pode a qualquer momento determinar o início do cumprimento da sentença de 27 anos e 3 meses de cadeia por liderar a tentativa de golpe de Estado.

O encerramento do processo e a prisão de Bolsonaro impactam diretamente o ambiente político no Congresso e as eleições de 2026. A oposição vai reforçar as pressões pela votação do projeto de anistia dos condenados pela trama e, também, trabalhar contra as pautas de interesse do governo.

Em relação às eleições, a prisão de Bolsonaro interfere na formação da chapa presidencial e dos palanques estaduais. Fora da disputa, e recolhido a uma cela, o ex-presidente se enfraquece para as negociações com a direita e com o centro. Mesmo assim, seu capital eleitoral é disputado por todos os candidatos desse campo, que está desorganizado e dividido.

Congresso ameaça governo com “pautas-bomba”
Insatisfeito com a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no STF, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) ameaçou nos bastidores aprovar uma “pauta-bomba” para o governo. No mesmo dia da confirmação do nome de Messias, Alcolumbre anunciou a votação nesta terça-feira, 25, do projeto de lei complementar que regulamenta a aposentadoria especial dos agentes comunitários de saúde.

Se aprovada, essa medida provoca um impacto estimado em R$ 24,72 bilhões nos cofres do governo. Na semana passada, Alcolumbre também segurou a votação na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do projeto que aumenta a tributação das bets e das fintechs, uma das propostas prioritárias do governo para o cumprimento das metas fiscais.

As dúvidas sobre a aprovação do nome de Messias
As primeiras reações do Senado indicam que o governo terá dificuldade para aprovar a indicação de Jorge Messias para o Supremo. Embora tenha entre os senadores uma base mais ampla de aliados do que na Câmara, o Planalto conta com resistências específicas em relação ao atual chefe da AGU. A principal delas é que Alcolumbre defendia a escolha do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga e ficou contrariado com a decisão de Lula.

Messias também terá de conquistar os votos dos senadores evangélicos ligados a Jair Bolsonaro. O fato de ser ligado a uma igreja, em princípio, torna seu nome mais aceitável nesse grupo, mas as estreitas ligações com o PT atrapalham a aproximação.

Como, por tradição, o Senado aprova as escolhas presidenciais, uma eventual derrota do governo na indicação de Messias será histórica.

Na CCJ do Senado, Planalto tenta mudar PL Antifacção
Oposição e governo têm outro embate duro na CCJ do Senado com a tramitação do PL Antifacção, aprovado pela Câmara na semana passada, relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). O Planalto opera para reverter alguns pontos do texto: financiamento da Polícia Federal, fortalecimento da Receita Federal e definição de facção criminosa.

No Senado, o relator é Alessandro Vieira (MDB-SE), político de centro, que costuma atuar de forma independente nas votações. A disputa sobre o modelo de combate ao crime organizado se tornou um dos assuntos principais na polarização política e estará no centro das campanhas eleitorais de 2026.