A CPI Mista do INSS marcou para quinta-feira, 4, a votação do requerimento que convoca Jorge Messias para depor. Na prática, o advogado-geral da União — indicado pelo presidente Lula para uma vaga no  STF (Supremo Tribunal Federal) — pode acabar sendo questionado publicamente pela comissão antes mesmo de enfrentar a sabatina oficial no Senado, marcada para 10 de dezembro. Ao justificar a decisão de pautar o tema, Carlos Viana (Podemos-MG) afirmou que “a população brasileira quer saber se ele prevaricou ou não”, e disse que Messias terá a chance de explicar sua atuação caso a convocação seja aprovada.

A demanda por explicações na CPI se apoia na suspeita de que a AGU teria recebido alertas sobre as fraudes e não teria reagido com a rapidez esperada. Para integrantes da oposição, ouvir Messias antes da sabatina é uma forma de testar o comportamento do indicado sob pressão. A avaliação é que um eventual desgaste público na CPI pode influenciar o clima político para a votação no Senado, mesmo que o voto seja secreto.

Se a convocação for aprovada, Messias pode ser ouvido na CPI a poucos dias da sabatina oficial no Senado. Como o formato da comissão permite questionamentos diretos e públicos, o depoimento acaba funcionando, na prática, como um primeiro escrutínio do indicado antes da avaliação formal na CCJ. Essa proximidade das datas pode transformar o depoimento em uma espécie de “pré-sabatina”.

A base do governo tenta evitar esse desgaste antecipado. Parlamentares ligados ao Planalto argumentam que o depoimento seria um gesto político que distorceria o papel da comissão e contaminaria o processo de indicação ao STF. Os governistas avaliam que o depoimento funcionaria como uma sabatina paralela, criando ruído às vésperas da análise formal na CCJ.

O requerimento que trata da convocação chegou a ser retirado de pauta na sessão de 27 de novembro, quando a CPI aprovou uma leva de mais de 300 pedidos, mas Viana prometeu recolocar o tema. A decisão do dia 4 definirá se Messias enfrentará dois testes consecutivos em menos de uma semana: um como chefe da AGU e outro como candidato ao Supremo.