Em meio à pressão do setor têxtil brasileiro para que o Congresso eleve a “taxa das blusinhas” de 20% para 35%, o presidente da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Flávio Roscoe, diz que as empresas chinesas de malhas de poliéster têm vendido o produto para importadores brasileiros abaixo dos preços praticados no mercado internacional, o que tem potencial de falir as fabricantes nacionais. Essas malhas são usadas para a fabricação diversos produtos, entre eles roupas esportivas.

Segundo ele, os fornecedores chineses vendem o quilo das malhas de poliéster por US$ 7 para outros mercados e por US$ 2 para os importadores brasileiros. A indústria brasileira comercializa o produto por US$ 2,80. Essa diferença de preços, segundo Roscoe, levou a uma queda de 99% da margem operacional das empresas, com crescimento de 60% das importações e queda de 50% nos preços. Como consequência, a participação de mercado dos chineses subiu de 20% para 50%.

Essa prática anticoncorrencial é conhecida tecnicamente como dumping, quando uma única empresa, um conjunto delas ou mesmo um país vendem um produto abaixo do preço de custo para eliminar a concorrência. Segundo Roscoe, a área técnica do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) investiga o caso e uma decisão da Camex (Câmara de Comércio Exterior) sobre o assunto é aguardada. A Fiemg defende a aplicação de uma medida antidumping de US$ 0,69 por quilo de malha de poliéster importada da China. Não há prazo, porém, para que o colegiado delibere sobre o assunto. 

“O comércio internacional é desejável e deve ser praticado seguindo regras de mercado que permitam uma concorrência justa. Defendemos que o antidumping seja adotado. Isso não é uma medida protetiva. Não estou pedindo um tarifaço, estou pedindo que as regras internacionais de comércio sejam aplicadas, como prevê a OMC [Organização Mundial do Comércio]”, disse. 

O presidente da Fiemg ainda afirmou que a indústria brasileira de malhas de poliéster tem 200 empresas que empregam direta e indiretamente 30 mil pessoas no país. “Destruir a indústria local será negativo para os brasileiros somente em um segundo momento. Primeiro há uma redução de preços temporária que, em seguida, se torna  um aumento de preço permanente”, argumenta Roscoe.