Os juros cobrados pelo consórcio de bancos levou o Tesouro Nacional a barrar o empréstimo de R$ 20 bilhões que os Correios negociavam para salvar a empresa. A taxa pretendida por Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Safra era de 136% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), o equivalente a cerca de 20% ao ano.

Na avaliação de técnicos da equipe econômica, o pedido das instituições financeiras está acima do razoável, pois o contrato contaria com a garantia do Tesouro. Em caso de calote, o governo pagaria as parcelas. Pelas regras do Tesouro, o custo máximo aprovado pelo comitê de garantias prevê um teto de 120% do CDI, que corresponde a cerca de 18% ao ano, em empréstimos desse tipo com prazo de 120 meses.

Com a sinalização do Tesouro, Correios e bancos terão de retomar as negociações sobre a taxa de juros. Na hipótese de não haver acordo, a primeira hipótese é um aporte financeiro da União.

Como mostrou o PlatôBR, os técnicos da equipe econômica também condicionam a aprovação do empréstimo à publicação de um decreto presidencial, com a assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

A rubrica de Lula foi uma condição imposta por servidores do Tesouro Nacional que temem ser responsabilizados por órgãos de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União), caso haja questionamentos judiciais futuros em caso de prejuízo. O “apagão das canetas” foi determinante para que o presidente da República fosse levado a participar diretamente da operação de socorro. 

Além do empréstimo de R$ 20 bilhões, o plano de socorro elaborado pelo presidente da estatal, Emmanoel Schmidt Rondon, prevê demissões voluntárias para os empregados, mudanças no plano de saúde que é bancado pela estatal, e a venda de imóveis — com potencial estimado pela companhia para arrecadar R$ 1,5 bilhão.

Essa proposta foi divulgada em nota à imprensa em 21 de novembro, sem detalhes sobre cada ação, e ainda considera a otimização da rede de atendimento, com redução de até mil agências deficitárias, expansão do portfólio para e-commerce e ações de modernização do modelo operacional e da infraestrutura tecnológica. O sucesso dessas medidas, no entanto, não é garantido. A empresa ainda informou que espera reduzir o prejuízo em 2026 e voltar a dar lucro em 2027.