Em poucos dias, o PL sofreu dois movimentos bruscos que afetaram o planejamento da estratégia eleitoral em 2026. Na terça-feira, 2, o partido suspendeu o acordo que havia feito com o ex-ministro Ciro Gomes para a disputa pelo governo do Ceará, depois que Michelle Bolsonaro decidiu apoiar a candidatura do senador Eduardo Girão (Novo). Com essa atitude, ela entrou em atrito com os enteados Flávio, Carlos e Eduardo, que defendiam a aliança no estado do Nordeste. Bem posicionada nas pesquisas para o Planalto, a ex-primeira-dama parecia ter ganhado força para entrar na corrida presidencial
Nesta sexta-feira, 5, houve mais uma reviravolta no partido com o anúncio feito pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que será ele o candidato da família à Presidência da República. A novidade pegou de surpresa até dirigentes do PL, que já se preocupavam com a necessidade de recalcular os planos diante dos embates políticos dentro da família do ex-presidente.
“Está entre Michelle e Tarcísio“, disse um membro da cúpula do partido, na quinta-feira, 4, referindo-se à ex-primeira-dama e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como opções para encabeçar uma chapa da chapa para o Planalto. “É necessário lembrar que nós perdemos as eleições de 2022 para as mulheres [o eleitorado feminino foi decisivo para a vitória de Lula]. Michelle é uma chance de unir o eleitorado bolsonarista ao feminino”, defendeu esse dirigente, lembrando que um sinal da movimentação era a decisão do partido de romper a aliança com Ciro Gomes.
Quem acompanha de perto os passos da cúpula da legenda diz que a definição sobre a candidatura presidencial passaria necessariamente pelo ex-presidente. Mesmo no cumprimento da pena por tentativa de golpe de Estado, o entendimento no partido é que cabe a Bolsonaro dar a palavra final sobre a chapa. A escolha de Flávio, no entanto, atrapalha alianças que são costuradas em torno de Tarcísio, nome preferido do Centrão.
Chance para Portinho
Até a última quinta-feira, Flávio repetia que seria candidato a mais um mandato de senador pelo Rio de Janeiro e comandava as articulações das chapas regionais. Ele priorizava as eleições nos estados, com especial atenção para as disputas pelo Senado. No caso do Rio de Janeiro, Flávio aparece nas pesquisas atrás do governador do estado, Cláudio Castro (PL).
Líder do PL no Senado, Carlos Portinho também quer renovar o mandato, mas não tem espaço na chapa montada pelo filho do ex-presidente. Pessoas próximas dizem que ele já estava em busca de nova legenda e com conversas adiantadas com o Novo e com o Republicanos. Se Flávio, de fato, se lançar candidato a presidente, Portinho volta a ter chance de disputar uma das vagas ao Senado.
