Na abertura da reunião ministerial, nesta quarta-feira, 17, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que ficará “muito feliz” com ministros se afastarem do cargo para disputar as eleições de 2026, um recado entendido por petistas como direcionado ao ministro Fernando Haddad (Fazenda), um dos possíveis nomes do partido para disputar uma vaga ao Senado ou ao governo de São Paulo no próximo ano.

“(O ministro) será obrigado a se afastar para ser candidato, porque o povo do estado quer que ele seja candidato. É sempre assim: quando você tira um ministro, ele chora”. “Quando você não quer tirar, ele quer sair, ele encontra todos os argumentos necessários para sair e joga a responsabilidade em cima do povo. Eu reconheço isso. E eu vou ficar muito feliz que aqueles que tiverem que se afastar, se afastem e, por favor, ganhem o cargo que vão disputar. Não percam.”, disse Lula.

Haddad tem resistido a se candidatar. Seu desejo é deixar a pasta para coordenar a campanha de reeleição de Lula no próximo ano. No entanto, o PT pressiona para que ele dispute a eleição.

No PT
O vice-presidente nacional do PT, Jilmar Tatto (PT-SP), em conversa com o PlatôBR, disse acreditar que Lula tem um plano para Haddad que inclui ele disputar as eleições. “Isso depende muito de uma conversa entre o presidente Lula e ele”, disse. “Acho que temos um projeto de nação, um projeto de país. Dentro desse projeto, ninguém pode se furtar a contribuir. Haddad nunca se furtou. Ele sempre foi solícito e sempre atendeu a pedidos do presidente Lula e não vai ser dessa vez que isso vai acontecer”, disse Tatto.

No PT, o ministro aparece como nome capaz de derrotar Tarcísio de Freitas (Republicanos), caso o governador opte por disputar a reeleição, ou de ajudar a formar uma bancada mais robusta no Senado. “Haddad já foi prefeito de São Paulo, foi candidato a presidente da República, o povo de São Paulo gosta dele, ele está bem nas pesquisas, tanto para o Senado quanto para o governo. Ele foi bem nas eleições, conseguiu muitos votos, ajudou inclusive na eleição do presidente Lula, perdeu por seis pontos para o Tarcísio. É claro que tem que respeitar a vontade individual dele, mas do ponto de vista do PT, é uma unanimidade ele ser candidato”, avaliou.

“Ano da verdade”
Lula cobrou de ministros o compromisso com as urnas, mas também a “definição de lados”, após uma disputa de força com a cúpula de partidos do Centrão que têm ministros na Esplanada, mas sem compromisso de apoio ao governo. Restam na Esplanada ministros como Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), André Fufuca (Esportes), Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e André de Paula (Pesca) que integram esses partidos e que devem disputar a eleição.

“Ano que vem é o ano em que a gente tem a oportunidade, não só porque estaremos em disputa, mas porque cada ministro, cada partido que vocês participam, vai ter que estar no processo eleitoral e vai ter que se definir de que lado tá. Será inexorável as pessoas definirem o discurso que vão fazer. Eles vão ter que defender aquilo que eles acham que pode elegê-los”, disse.

“O dado concreto é que o ano eleitoral vai ser o ano da verdade. Ou seja, nós temos que criar a ideia da hora da verdade para mostrar quem é quem nesse país, quem faz o que nesse país, o que aconteceu antes de nós”, declarou Lula na reunião.