Quem caiu num sono profundo em 2015, quando Gilmar Mendes era um dos mais fortes críticos do Partido dos Trabalhadores — naquele ano, auge da Lava Jato, disse que o PT havia instalado uma “cleptocracia” no país —, e acordou em 2025, pode achar que está num surto lisérgico. Frequentador assíduo do Palácio da Alvorada de Lula, Gilmar agora frequenta jantares com dezenas de petistas, é elogiado por quadros do partido e não poupa elogios para o governo. A coluna perguntou ao ministro, na conversa de segunda-feira, 6, como é voltar a esse caso de amor.
As trombadas com o PT remetem aos tempos em que foi ministro de FHC, de que o PT era oposição, e intensificaram-se com a campanha contra sua indicação ao Supremo. Nos dois governos Lula, a convivência foi boa: o ministro e o presidente se deram bem de cara. Até a jogo de futebol assistiram juntos. Mas, no governo Dilma, a coisa desandou.
Dilma não gostava de Gilmar Mendes (até hoje não gosta), e Gilmar, embora jamais admitirá, também não simpatiza muito com a ex-presidente — com quem hoje tem uma relação cordial. O ministro condenou os acusados do mensalão, escandalizou-se com as revelações da Lava Jato e impediu Lula de assumir a Casa Civil, nomeação que talvez tivesse salvado o governo.
O diálogo com Lula, agora, tem sido fluido e respeitoso. O próprio Gilmar diz ter sido voz “fundamental” no STF pela retomada dos direitos políticos de Lula no enfrentamento à Lava Jato. “Todos sabem que nunca deixei de dialogar com todas as forças políticas. Sou um admirador da política”, afirmou.
Assista abaixo a esse trecho da conversa.