Diante da indisposição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), com o governo no final de 2025, o governo conseguiu adiar a apreciação, pelo Senado, da indicação do ministro Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) à vaga deixada por Luís Roberto Barroso no STF (Supremo Tribunal Federal). Agora, a espera é por um momento mais ameno entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Alcolumbre e, nesse jogo, o Planalto está com o bola, visto que ainda não enviou para o Senado a mensagem com a indicação.

De acordo com o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), senador Otto Alencar (PSD-BA), não há previsão de que a indicação seja pautada porque até o momento não houve o envio do documento por parte do governo. Ao falar sobre o assunto, Alencar indica que a pressa não faz mais parte do cronograma de nenhum dos envolvidos.

“Há três pontos a serem observados em relação à indicação de Messias. O primeiro é o Lula encaminhar a mensagem para o Senado. Ele ainda não encaminhou e eu nem sei quando o fará. Lula encaminhando, chegando na mão do Alcolumbre, temos que ver quando será encaminhado para a CCJ. Também nem sei quando isso vai ocorrer”, ressaltou Alencar. “Quando chegar na CCJ, eu também tenho o meu tempo de marcar a leitura da mensagem e depois marcar a sabatina”, acrescentou o senador.

No final de novembro, Otto Alencar viu Alcolumbre forçar a mão para tentar acelerar o processo, passando por cima de sua decisão de esperar o documento do Planalto chegar. Na época, chateado porque Lula não escolheu o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Alcolumbre queria celeridade para derrubar a indicação e demonstrar força perante o governo. Resultado: as datas estabelecidas foram furadas e o Planalto usou do expediente de não enviar a mensagem, na tentativa de aguardar uma melhora no ambiente para Messias.

O plano deu certo, mas agora há dúvidas sobre quando esse enredo se resolverá. De acordo com fontes do governo, Lula pretende entregar a mensagem a Alcolumbre pessoalmente no início de fevereiro.

Pausa no beija-mão
Enquanto o governo espera que os ânimos arrefeçam, Messias vai fazer uma pausa na busca pelos senadores para angariar apoio. Além do recesso de fim de ano, ele decidiu tirar cinco dias de férias em janeiro. Vai ficar fora de atividade entre os dias 5 e 9. Nesse período, quem assume a cadeira é Maria Belém Rocha Cartaxo de Arruda, atual Secretária-Geral de Contencioso da AGU.

Ao voltar, Messias precisa tentar superar a resistência de um grupo importante em sua estratégia: a bancada evangélica, justamente o conjunto de senadores do qual ele pensou que poderia se aproximar com mais facilidade, por também ser também evangélico. Em dezembro, as tentativas de aproximação não renderam, já que a maior parte da bancada é da oposição e rejeita o nome do chefe da AGU pela sua identificação com o presidente Lula.