A crise do Pix que estourou no colo de Lula era germinada nas redes sociais desde 2023. Um levantamento do Núcleo de Integridade da Informação, da agência de comunicação Nova, uma das que atendem o governo, mostra que desde o início do governo Lula começou nas redes a narrativa de que ele estaria tentando tributar essa modalidade de operação financeira.
A onda cresceu quando a Caixa, a exemplo de outros bancos, decidiu cobrar pelas transações em Pix das contas de pessoas jurídicas. De acordo com o levantamento, perfis de oposição disseminaram argumentos como “Lula odeia os empresários”, chamando o presidente de “interventor” e acusando-o de praticar um “estelionato eleitoral”. Omissões importantes marcaram essa onda de desinformação. Não foi destacado que bancos privados já cobravam taxas pelo uso do Pix por PJs desde o governo de Jair Bolsonaro. Apesar disso, a repercussão negativa levou o governo a recuar e cancelar a cobrança pela Caixa.
A manipulação do tema começou a surgir antes mesmo da medida da Caixa. Meses antes, o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede X (antigo Twitter): “vale lembrar que o atual governo não descarta a taxação de mais esse meio oferecido”. A declaração contribuiu para alimentar desconfianças e consolidar o discurso de que o governo atual estaria mirando o Pix como alvo de tributações.
A persistência dessa narrativa ao longo dos anos evidencia como temas sensíveis, como o Pix, podem ser usados estrategicamente para gerar desinformação e influenciar a opinião pública. Mesmo assim, nem a Receita Federal nem a Fazenda atentaram para a desconfiança do público e criaram uma oportunidade de ouro para a oposição.