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Ministro vê ação orquestrada e ‘interesse econômico’ em ataque a assentamento

Polícia trata mortes de trabalhadores como crime comum, mas Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, avalia que há outros interesses por trás e pede novas investigações

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário do governo Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, quer novas apurações da Polícia Civil de São Paulo para esclarecer o ataque ao assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Tremembé, no interior de São Paulo, na sexta-feira, 10. Duas pessoas morreram: Valdir do Nascimento de Jesus, um dos coordenadores do movimento na região, e Gleison Barbosa de Carvalho, morador do assentamento.

Apenas um suspeito de chefiar a invasão foi preso, e outro é procurado. A polícia trata o ataque como crime comum, mas Teixeira vê ação de um grupo organizado, já que chegaram 20 homens ao local em cinco carros e quatro motos.

“Para ter uma ação desse porte, eles articularam, usaram dinheiro. Ninguém mobiliza e arregimenta 20 pessoas para matar outros, armadas, fortemente armadas, sem ter uma motivação econômica, um patrocínio. É isso o que a gente está pedindo, para a polícia esclarecer”, afirmou o ministro.

Para ele, a polícia “deu uma explicação muito rasa” ao considerar que houve uma briga ali numa disputa pelo lote do assentamento. “Não foi uma briga que teve ali em torno de lote. Nenhum assentado brigou. Todos (os 20 do grupo) eram externos ao assentamento. Alguém estava com interesse de lotear o local, pois a área é muito perto (do centro) do município. Então, estamos esperando esses esclarecimentos.”

Nesta sexta-feira, 17, Teixeira programou uma visita à área para este final de semana. Uma semana depois do ataque, moradores do assentamento farão um ato e uma missa de sétimo dia para lembrar os dois sem terra mortos.

O lote onde ocorreu o ataque foi regularizado pelo Incra no final do ano passado e passaria por um processo de seleção (definição de quem fica com cada área). Pessoas que se diziam representantes de uma imobiliária estiveram na área, antes, fotografando o lote, denunciaram moradores.

“Quem teria interesse naquelas terras é a grande pergunta que a gente está fazendo à polícia. Como chegar ao mandante e à motivação do crime. Quem participou, individualizando a participação”, diz Teixeira.

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