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Por que sobrinho de Bolsonaro só foi denunciado bem depois de outros do 8 de Janeiro

PF concluiu relatório sobre Léo Índio, sobrinho de Bolsonaro, em maio de 2024, mas PGR pediu novas diligências

Reprodução
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou na semana passada a denúncia contra Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, por sua suposta participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Causou estranheza entre quem acompanha os processos do 8 de Janeiro por que só agora o sobrinho de Bolsonaro foi denunciado, tão depois dos demais investigados por invadir e depredar as sedes dos Três Poderes, na tentativa de criar uma situação de caos para um golpe militar.

O caso envolvendo Léo Índio começou a ser investigado pela Polícia Federal ainda em 2023 e foi concluído em 15 de maio de 2024 pelo Grupo de Inquéritos dos Atos Antidemocráticos, com a elaboração do relatório final. A conclusão só foi possível após a análise do celular dele, finalizada em 5 de maio de 2024. Depois disso, a PGR solicitou diligências complementares, que foram realizadas antes do envio do processo ao STF. O relatório que embasou a denúncia foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 16 de outubro de 2024. Portanto, a demora maior foi decorrente do pedido de novas diligências.

Léo Índio, primo dos filhos de Jair Bolsonaro, é apontado pela PF como uma figura ressentida e distanciada do clã Bolsonaro. Em mensagens analisadas no celular apreendido, ele demonstra sentimento de abandono e afirma ter sido “deixado de fora de tudo” pelos primos. “Infere-se dos diálogos uma espécie de ressentimento por parte do investigado em relação aos seus primos – filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro – notadamente quando sugere falta de reconhecimento por parte do clã Bolsonaro”, destaca o relatório final da PF.

Além disso, o documento aponta um afastamento de Léo Índio em relação aos familiares, com mágoas expressas por não se sentir valorizado pelo trabalho realizado durante o governo anterior. Embora não ocupasse um cargo formal, ele frequentava o Palácio do Planalto na gestão de Bolsonaro.

Léo Índio foi alvo da Polícia Federal em duas operações no âmbito da Lesa Pátria, voltada a investigar envolvidos nos atos golpistas de janeiro. A denúncia da PGR se baseia nas evidências levantadas durante a apuração da PF e agora aguarda apreciação pelo STF.

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