PODER E POLÍTICA. SUA PLATAFORMA. DIRETO DO PLANALTO

Ex-militar e xerife do caso Marielle: quem é o novo chefe da inteligência da PF

Novo diretor da DIP atuou duas vezes no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e também complicou a situação de Anderson Torres nas apurações sobre a suposta tentativa de manipulação das eleições de 2022

Delegado Leandro Almada da Costa fala em coletiva de imprensa sobre a Operação Élpis, deflagrada pela Polícia Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro. que apura os homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil

Quando o próximo adendo do inquérito do golpe chegar ao STF, nas próximas semanas, um novo delegado federal vai aparecer assinando o documento. Com a nomeação de Rodrigo Morais para o cargo de adido da Polícia Federal em Londres, a poderosa DIP, a Diretoria de Inteligência Policial da corporação, passou a ser comandada por Leandro Almada da Costa.

Não será o único caso emblemático sob o comando do novo diretor: as investigações sobre a Abin paralela, o 8 de janeiro e a suposta contratação do hacker Walter Delgatti pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sites do governo são outros inquéritos de impacto nas mãos dele. Os casos que envolvem autoridades públicas são alguns dos mais importantes da DIP.

Almada, de 54 anos, ficou conhecido por ter participado em dois momentos das investigações federais sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. No primeiro, ainda em 2019, descobriu a inclusão de uma falsa testemunha para atrapalhar as investigações que estavam a cargo da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Anos depois, já no governo Lula, negociou as delações premiadas dos autores do crime, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, para chegar aos mandantes.

Nesta segunda fase, Almada já era o superintendente da PF no Rio, nomeado pelo atual diretor-geral, Andrei Rodrigues. Antes, já havia sido superintendente na Bahia e no Amazonas. Pela atuação na Bahia, ele se tornou uma testemunha importante contra a tentativa de manipulação na eleição de 2022. Afirmou que o então ministro da Justiça, Anderson Torres, pediu apoio da PF para a Polícia Rodoviária Federal realizar operações no segundo turno onde haveria maior concentração de votos de Lula.

Almada construiu boa parte de sua carreira dentro da PF no Amazonas. Delegado federal desde 2008, ele havia trabalhado no estado nas áreas de combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado. Assumiu a chefia da superintendência local em 2021, em substituição ao delegado Alexandre Saraiva, afastado depois de encaminhar uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por atrapalhar as ações de fiscalização ambiental.

Almada também foi coordenador da Academia Nacional de Polícia, corregedor-geral do Sistema de Segurança Pública do Amazonas e diretor de operações da Secretaria de Operações Integradas do Ministério de Justiça e Segurança Pública. Carioca, ele já havia sido delegado por dez anos da Polícia Civil em Minas Gerais, onde comandou uma das delegacias especializadas em homicídios de Belo Horizonte. Formado em Direito pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), ironicamente ele carrega também no currículo um período como militar: por quatro anos, atuou no Exército, corporação que tem vários oficiais sob a mira da PF nas investigações que agora comanda.

search-icon-modal