O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) está para Arthur Lira (PP-AL) como Hugo Motta (Republicanos-PB) está para Rodrigo Pacheco (PSD-MG) quando o assunto é a relação que se estabelecerá entre os poderes Legislativo e o Executivo após a mudança no comando da Câmara e do Senado, a ser confirmada nas eleições marcadas para este sábado, 1º.
As eleições são marcadas pela previsibilidade, com Alcolumbre favorito no Senado e Motta, na Câmara. Para isso, muita negociação já ocorreu nos bastidores. O PlatôBR fará uma cobertura especial das duas disputas neste sábado, com um estúdio montado dentro do Congresso e três lives especiais, às 9h30, 14h30 e 20h30. A eleição no Senado está marcada para as 19 horas. A da Câmara, para as 16 horas.
Para o governo, a lógica de condicionar votações importantes à liberação de pacotes bilionários de emendas deve continuar, mas a pressão vai mudar de lado. Se Lira, o atual presidente da Câmara, imprimiu um tom mais contundente e explícito nos dois primeiros anos do governo Lula, seu provável sucessor Hugo Motta é visto como dono de um perfil mais afável, conciliador e afeito ao diálogo, semelhante ao do atual presidente do Senado.
Alcolumbre, por sua vez, se apresenta mais ameaçador, com estilo semelhante ao de Lira, e já inaugura um mandato com o poder de impor um desgaste imediato ao governo: a convocação de uma sessão do Congresso, ainda em fevereiro, para a votação de vetos do presidente Lula.
Embora Alcolumbre negue que a convocação do Congresso se dará na primeira semana do ano legislativo, informação que havia chegado ao Planalto, o governo se prepara para deslanchar a reforma ministerial assim que os postos das mesas diretoras do Senado e da Câmara forem definidos.
Lula tem pressa para tentar aumentar sua base, principalmente no Senado e, por isso, deverá orientar a reforma no sentido de dar mais representatividade ao Centrão na Esplanada. E claro, sonha com a possibilidade de Alcolumbre só pautar os vetos depois da reforma - sonha porque ainda não tem como abrir negociação sem a definição de todos os cargos da mesa.
Acordos no Senado
As presidências das comissões no Senado já foram divididas por acordo em torno do nome do próprio Alcolumbre. O PSD, maior partido da casa, com 15 senadores, ficará com a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais importante. O presidente da CCJ será o senador Otto Alencar (PSD-BA), já que Pacheco é cotado para assumir uma pasta no governo de Lula.
O PSD de Pacheco também ficará com a Comissão de Relações Exteriores, com o senador Nelsinho Trad (PSD-MS). O PL, com 14 senadores, ficará com a Comissão de Infraestrutura, com o senador Marcos Rogério (PL-RO) A Comissão de Segurança Pública terá como presidente Flavio Bolsonaro (PL-RJ). O MDB, com onze senadores, terá as presidências da Comissão de Assuntos Econômicos, com Renan Calheiros (MDB-AL), e de Assuntos Sociais, com Marcelo Castro (MDB-PI).
Já o PT, com nove senadores, ficará com a Comissão de Educação, com Teresa Leitão (PT-PE), e com a de Meio Ambiente, com Fabiano Contarato (PT-ES). O União Brasil terá a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, cuja presidente será a senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO). O Republicanos terá a Comissão de Direitos Humanos, com Damares Alves (Republicanos-DF) .
Alcolumbre ofereceu ao PT a 2ª Vice-Presidência do Senado, que será exercida pelo senador Humberto Costa (PT-PE), além das presidências de duas comissões relevantes.
A primeira Vice-Presidência do Senado ficará com o PL, e deverá ser exercida pelo senador Eduardo Gomes (TO). Confúcio Moura (MDB-RO) e Chico Rodrigues (PSB-RR) são os nomes cotados para as 2ª e 3ª Secretarias.
Acordos na Câmara
Já na Câmara, os partidos, inclusive os que apoiam Hugo Motta, não chegaram a um acordo sobre as presidências das comissões. Com isso, a aposta é que somente após o Carnaval os colegiados terão seus presidentes definidos.
Já os cargos na mesa diretora da casa estão acertados. O PL, maior bancada da Câmara, com 93 deputados, ficará com a 1ª Vice-Presidência, com com Altineu Cortes (RJ). A 2ª Vice-Presidência vai para PP, de Lira, com Lula da Fonte (PP-PE), deputado de 24 anos, filho de Eduardo da Fonte (PP-PE).
Já o PSD, o União Brasil e o MDB deverão ficar com secretarias da mesa diretora. O PT, com 80 deputados na federação composta também pelo PCdoB e PV, negociou a 1ª Secretaria da Câmara para o deputado Carlos Veras (PE).