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Petistas saem em defesa de Alckmin contra aliados que querem desalojá-lo

Na disputa por espaço na reforma ministerial, partidos da base buscam ministério para o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco. Governistas defendem o vice à frente da pasta e dizem que ele já foi promovido de “picolé de chuchu” a “picolé de melancia”

O vice-presidente Geraldo Alckmin
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na tentativa de achar um espaço para o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na Esplanada dos Ministérios, aliados do governo já falam em desalojar o vice-presidente Geraldo Alckmin do MDIC (Ministério da Indústria e Comércio). No entanto, o núcleo petista do governo resiste e defende que Pacheco vá para Ciência e Tecnologia, atualmente sob comando de Luciana Santos, do PCdoB.

Internamente, a sintonia de Alckmin com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) é um importante argumento em favor dele. Fora de Brasília, porém, é motivo de crítica à gestão do vice.

Para parte da indústria, Alckmin trabalha mais para o governo, alinhado com Haddad, do que propriamente pelo setor. “O MDIC tradicionalmente briga com a Fazenda pelos pleitos da indústria. Alckmin defende mais o Haddad do que a gente”, reclama um empresário com presença constante em Brasília. Já para o governo, o ministro é “um grande defensor da indústria”.

"Picolé de melancia"
Em defesa de Alckmin, governistas citam episódios nos quais ele teria atuado em favor do setor. “Lembra da taxa das blusinhas? Alckmin mediou pró indústria”, diz uma fonte, referindo-se à taxação de 20% de Imposto de Importação nas compras até US$ 50 em plataformas online no exterior.

Interlocutores de Lula dizem que “Alckmin é um querido, um homem feliz à frente do MDIC e um quadro fundamental para o país e para indústria”. “O que ele ajustar com Lula, nós estaremos com ele”, diz um petista do primeiro escalão. Entre apoiadores do presidente, o vice foi “promovido”: agora está mais para “picolé de melancia” do que para “picolé de chuchu”.

A expressão "picolé de chuchu" se popularizou em 2002, quando Alckmin disputava o governo de São Paulo e refere-se ao estilo atribuído ao ex-tucano, considerado “sem graça”. O que inicialmente era algo pejorativo, porém, virou uma piada entre amigos. Vinte anos depois, em 2022, após anunciar a sua pré-candidatura ao Planalto com Alckmin de vice, Lula postou em suas redes uma receita de “Risoto de Lula com Chuchu”. A nova versão do apelido, "picolé de melancia", é explicada assim: tem sabor adocicado e refrescante (além de ser vermelho por dentro) e traz benefícios à saúde. “Deixa subir o índice glicêmico”, brinca uma pessoa próxima.

Para Alckmin, a permanência à frente de um ministério é estratégica dada incerteza em relação às composições políticas para a disputa das eleições em 2026. Pessoas próximas a ele destacam como possibilidade uma candidatura ao governo de São Paulo. Mas isso, no entanto, só será viável se o atual governador, Tarcísio de Freitas, entrar na disputa pelo Palácio do Planalto. “Tarcísio é esperto e não vai arriscar o certo pelo duvidoso”, avalia um petista, referindo-se ao alto índice de aprovação do político do Republicanos à frente do governo de São Paulo, o que fortalece sua candidatura à reeleição.

Ciência e Tecnologia
Enquanto a permanência de Alckmin no MDIC é defendida por petistas, o nome de Rodrigo Pacheco é empurrado para o comando da Ciência e Tecnologia, único ministério entregue ao PCdoB, que integra a base aliada. Lula já disse que gostaria de ver o senador eleito governador de Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Nesse caso, a permanência dele à frente de um ministério também seria estratégica.

Segundo apoiadores do presidente, o desenho do novo ministério é algo que tem sido mantido guardado de forma super restrita pelo próprio Lula. “A única certeza que se tem até agora é nomeação de Gleisi pela imprensa para o Planalto”, diz um ministro sobre a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Lula avalia detalhadamente cada mudança e o momento ideal para o anúncio das eventuais trocas. Antes de ceder novos espaços na Esplanada para partidos da base de apoio, ele quer garantir fidelidade na disputa eleitoral de 2026 e nas votações do Congresso que ocorrerão até lá.

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