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Governo vai usar acordo por tragédia de Mariana para aparecer em Minas

Caravana com representantes de 16 ministérios envolvidos no acordo bilionário vai percorrer regiões atingidas. Até a comunicaçao do Planalto foi mobilizada para garantir que a gestão Lula saia bem na foto

Tragédia de Mariana. Comunidade de Bento Rodrigues devastada pela lama
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Não basta dar dinheiro para prefeituras e obras públicas. É preciso que a população saiba que cada projeto é uma entrega do governo federal.

Seguindo a ordem do Palácio do Planalto de mostrar o que o governo faz, a equipe do ministro Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação da Presidência) prepara uma vasto material para distribuir durante uma visita de quatro dias que representantes de 16 ministérios farão aos municípios mais afetados pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG).

O plano para o que está sendo chamado de "Caravana do Rio Doce" é conversar com moradores da região sobre o bilionário acordo de indenização e reparação de danos firmado recentemente com as empresas responsáveis pela barragem.

Os representantes do governo explicarão a que, exatamente, as comunidades locais terão direito e apontarão os projetos que receberão os recursos. A previsão é que a caravana circule pelos municípios entre 10 e 14 de março, com a turma de Sidônio embarcada.

A barragem que rompeu em 2015 ficava no município mineiro de Mariana. Comunidades inteiras, como os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, foram arrasadas. A lama desceu o rio e atingiu, ao todo, 49 municípios - 38 em Minas Gerais e onze no Espírito Santo.

Depois de praticamente dez anos sem uma solução, o acordo foi anunciado do final do ano passado e garantiu R$ 170 bilhões em indenizações e compensações para as áreas atingidas.

À época, a solenidade no Palácio do Planalto para anúncio do desfecho deu a dimensão da importância que os desdobramentos do acordo podem ter para as eleições de 2026. Adversários em Minas, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e o governador Romeu Zema (MG) disputaram protagonismo a cada passo da negociação.

Lula quer ganhar espaço em Minas Gerais na disputa de 2026. Por isso, a caravana vai ganhar destaque, inclusive, nas redes sociais oficiais. Zema, o governador mineiro, é um dos possíveis nomes da direita para a disputa presidencial. O dinheiro do acordo surge em um momento estratégico para ambos.

O foco do governo federal é exaltar a preocupação com o bem-estar das pessoas, o meio ambiente e a recuperação da região atingida. Zema, evidentemente, também quer faturar esse ativo, que tem grande potencial eleitoral.

Nesta quarta-feira, 12, no encontro de prefeitos organizado em Brasília pelo governo federal, houve um painel específico para representantes das prefeituras de municípios atingidos. O deputado Helder Salomão (PT-ES) destacou a necessidade de participação da Secom na "Caravana do Rio Doce", argumentando que “será difícil fazer a informação certa chegar na ponta”.

“Onde o governo federal é um ator relevante, há desinformação”, disse o deputado petista, que faz parte de uma comissão externa do Congresso criada para acompanhar as ações após o rompimento das barragens do Fundão e de Brumadinho.

Coordenadora do Comitê Gestor criado na Casa Civil para acompanhar o tema, Júlia Rodrigues, confirmou que a Secom irá integrar a caravana e já está trabalhando na estratégia de comunicação e na produção de materiais que serão usados, durante a viagem e, também, nas redes sociais.

O encontro dos prefeitos realizados essa semana, em Brasília, foi uma forma de o presidente Lula afagar os políticos nos municípios justamente para conseguir reconhecimento da participação do governo federal em projetos e obras de destaque nos estados.

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