O deputado Aliel Machado (PV-PR) precisou unir interesses de mundos distintos para aprovar no Congresso seu relatório sobre o mercado de carbono. Ambientalista, o parlamentar diz se orgulhar de ter atendido, ao mesmo tempo, interesses de indígenas a representantes do agronegócio - claro que em um texto possível, diferente da primeira versão que ele havia idealizado.
Hoje, diante da discussão sobre a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, o parlamentar lamenta a dificuldade de diálogo e a intransigência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). "O que o Ibama está fazendo hoje está errado porque ele não deixa ter o estudo", opinou, em entrevista ao PlatôBR.
Aliado do Planalto, o deputado aponta a dificuldade de diálogo dos ambientalistas do governo: a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. "Nem tanto ao céu, nem ao inferno. É preciso ter um diálogo", avalia. "Nas pautas de transição energética e ambientais no Congresso, (Fernando) Haddad apareceu muito mais que a Marina pela facilidade de criar um diálogo."
Pautas como a exploração na foz do Amazonas têm isolado a ala ambientalista do governo. Até o presidente Lula disse ver o Ibama como contrário ao governo e acusou a gestão de Rodrigo Agostinho, subordinado de Marina, de fazer "lenga-lenga" para não liberar as prospecções.
Para além da seara econômica, que envolve interesses declarados da Petrobras, o assunto tem sido tratado como moeda de troca na articulação do Palácio do Planalto com o Congresso, já que a pressão de Lula pela liberação atende, também, a pedidos do novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), eleito pelo Amapá, estado que deve ser um dos principais beneficiários da exploração.
Assista à entrevista:
O deputado Aliel Machado também fala do que espera da presidência de Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara e dos assuntos que devem sacudir o Pode Legislativo neste ano, como a polêmica em torno das emendas, a anistia aos condenados pelos ataques do 8 de Janeiro e a proposta de mudar a Lei da Ficha Limpa. O deputado aposta que se afrouxar a Ficha Limpa, os bolsonaristas serão capazes de abandonar a defesa da anistia.