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‘Lenga-lenga’: para aliado, disparo de Lula contra o Ibama mira Marina

Deputado entende que presidente tem dificuldade de criticar diretamente a ministra, que desfruta de grande prestígio internacional e, se ainda estiver no cargo, será personagem de destaque na COP-30

A ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o presidente do Ibama Rodrigo Agostinho
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Ao subir o tom e acusar o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de fazer "lenga-lenga" em relação à exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria mandado um recado mais para a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, do que para o presidente do órgão ambiental, Rodrigo Agostinho. A avaliação é de um deputado aliado do governo.

"Ele quis dizer que já deu", avaliou o parlamentar, em conversa com o PlatôBR.

Lula acusou o Ibama de fazer "lenga-lenga" e não decidir sobre a exploração, plano prioritário da Petrobras. A declaração do presidente foi espontânea. Na entrevista em que fez a queixa, em uma rádio do Amapá, ele nem sequer havia sido perguntado sobre o assunto. O presidente demonstrou impaciência com a demora do órgão em emitir um parecer sobre o projeto da Petrobras.

Para o parlamentar, ligado à questão ambiental, Lula não tem condições de tirar Marina do cargo pelo fato de ela ser considerada uma personagem de relevância internacional e fundamental para o governo neste ano em que o Brasil sediará a COP-30 (Conferência das Organização das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas). Não significa, porém, que ele esteja satisfeito com ela - daí a leitura de que o disparo contra o Ibama foi endereçado à ministra, como um recado.

Presidente do Ibama responde Lula
Após ser alvo do presidente, Rodrigo Agostinho respondeu e falou em "pressão". Ao jornal O Globo, se disse acostumado com esse tipo de cobrança. "Isso é normal. Se eu não gostasse de pressão, não estava fazendo o que eu faço. Eu preciso também ser justo. O presidente nunca me pressionou para isso, mas de tempos em tempos tem empreendimentos que são emblemáticos e a sociedade toda cobra uma resposta. Vejo isso com muita naturalidade", afirmou.

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