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Estratégia política do PL pressupõe que Bolsonaro será condenado e preso

Partido organiza reação a denúncias contra ex-presidente nos mesmos moldes adotados por Lula quando estava na cadeia em Curitiba

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Na reação à denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria Geral da República), o PL já considera que o ex-presidente Jair Bolsonaro será condenado e preso após um desgastante julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) exibido ao vivo pela TV Justiça. Toda a mobilização de defesa tem como objetivo manter com o partido os votos da direita bolsonarista. A orientação agora é executar uma estratégia política como o objetivo de chegar em 2026 com um candidato competitivo.

"O Bolsonaro é o cara da direita raiz. Foi presidente e é a pessoa que tem os votos. Mas, falando sério, ele não disputa as eleições. Ele não vai aguentar", disse um dirigente da legenda em conversa com o PlatôBR.

Nesta quarta-feira, 19, enquanto manifestações de apoio ao ex-presidente ocorriam no plenário da Câmara, esse deputado avaliava a situação, sob reserva, no cafezinho anexo. "Não há saída política para isso. Eu não vejo, e estou sendo sincero." A ala jovem do partido, porém, está com a tarefa de continuar demonstrando que não abandonará Bolsonaro, mesmo diante de evidências de que ele não conseguirá escapar nem da condenação pelo Supremo nem da inelegibilidade que lhe foi imposta pela Justiça Eleitoral.

Quanto à propagada hipótese de candidatura de Bolsonaro em 2026, o correligionário do ex-presidente diz que é uma coisa fora da realidade, como um “elefante sobrevoando a Câmara”. “Eu não acredito.” O dirigente é muito próximo de Valdemar da Costa Neto, presidente da legenda, a quem se refere como "gênio" da política.

É nas mãos de Valdemar, por sinal, que está a missão de conduzir a estratégia eleitoral do PL daqui por diante, de modo a não perder os votos dos bolsonaristas e, ao mesmo tempo, contar com a "renovação política" da direita no Brasil. Essa renovação, para o dirigente que falou ao PlatôBR sob a condição de não ter seu nome revelado, é encarnada hoje pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e pelo influenciador Pablo Marçal, que disputou a Prefeitura de São Paulo pelo PRTB. Ele entende que Bolsonaro tem capacidade para transferir votos, mesmo condenado ou até preso, desde que o PL invista em um candidato novo que reverencie o bolsonarismo.

A denúncia apresentada ao STF contra o ex-presidente é mais 33 pessoas fez com que deputados da ala mais bolsonarista do PL passassem boa parte desta quarta-feira, 19, fazendo pequenos atos no Congresso destinados a gerar cenas para as redes sociais nas quais buscavam difundir a ideia de que o ex-presidente é um "perseguido político", "vítima do sistema" e que, por isso, é necessária a aprovação de uma anistia — se reivindicam anistia, claro, pressupõem a condenação.

Houve também a leitura de um manifesto por Nikolas Ferreira e um jogral ensaiado por outros bolsonaristas no plenário da Câmara. Nikolas disse que a denúncia da PGR é um roteiro de Hollywood que previu 38 anos de prisão para Bolsonaro. "Tinha malas de dinheiro dentro da cueca?", perguntou o deputado. Como resposta, os demais parlamentares soltaram um prolongado "não". "Foi por corrupção?", prosseguiu. Mais uma resposta: "Não!".

Os bolsonaristas pretendem realizar eventos pelo país em defesa do ex-presidente na tentativa de desqualificar a denúncia e a condução do julgamento pelo STF. Uma das manifestações está sendo chamada para o próximo dia 16 de março. Os defensores de Bolsonaro também vão divulgar nas próximas semanas um relatório que, segundo eles, foi produzido por uma associação de vítimas do 8 de Janeiro, contendo denúncias de tortura dos presos. "Esta semana, recebemos um relatório contundente da Associação dos Familiares das Vítimas do 8 de Janeiro, que reúne documentos e provas de todos os tipos de violações de direitos praticados nesses últimos anos. No momento oportuno, daremos a completa publicidade a esse material", prometeu o líder da oposição na Câmara, Coronel Zucco (PL-RS).

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