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Mágoa de Lula pode atrapalhar plano de líder do MDB de virar ministro

Isnaldo Bulhões é apontado como possível sucessor de Alexandre Padilha na Secretaria de Relações Institucionais. Um episódio do início do governo que irritou o presidente, porém, aparece como empecilho

Deputado Isnaldo Bulhões, líder do MDB na Câmara
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O líder do MDB na Câmara, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), tem se esmerado na defesa do governo e, frequentemente, diz acreditar na capacidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reverter o viés de baixa em sua popularidade detectado pelas pesquisas de opinião. Por vezes, o alagoano até fala como se já fosse ministro. O nome dele tem sido mencionado no Palácio do Planalto como uma opção para a esperada reforma ministerial. Seria um nome do Centrão na cozinha de Lula.

Isnaldo é, teoricamente, cotado para a SRI (Secretaria de Relações Institucionais), cujo atual ocupante, o petista Alexandre Padilha, pode ser remanejado para o Ministério da Saúde. Seria uma estratégia de dar ao grupo majoritário do Congresso - do qual o MDB participa junto com partidos como PP, PSD - um lugar no Palácio do Planalto e, assim, facilitar a vida do governo entre os parlam. A possibilidade de Lula chamá-lo, no entanto, esbarra em um ponto: o presidente ficou chateado com a forma como ele tratou a primeira medida provisória editada pelo atual governo, a que reestruturava a Esplanada dos Ministérios e ampliava de 17 para 37 o número de ministérios.

Aliado de Arthur Lira (PP-AL), à época Isnaldo foi escolhido relator dessa MP e fez o que pôde para procrastinar a tramitação. Enquanto ele segurava o texto, Lira impunha pressão sobre o governo tentando manter o domínio sobre as emendas ao orçamento, além de buscar alterar o texto do Planalto. A medida provisória quase perdeu a validade. Só foi votada na Câmara e no Senado no último dia de validade, 1º de julho, seis meses depois de ser editada - e após a liberação de um pacote robusto de emendas parlamentares.

Antipatia
Um auxiliar de Lula no Planalto diz que esse episódio gerou profunda antipatia de Lula em relação ao emedebista. O presidente não perdoa o fato de que a medida que reestruturou seu governo tenha sido usada pelos congressistas para emparedar o governo. Se a MP não tivesse sido aprovada, o petista teria que governar com a estrutura de seu antecessor.

Outro obstáculo ao nome de Isnaldo é o fato de o MDB ser considerado suficientemente contemplado no governo, com três ministérios. O partido comanda a pasta dos Transportes, com Renan Filho, Cidades, com Jader Filho, e Planejamento, com Simone Tebet.

Laço com Motta
Isnaldo, por sua vez, tem se colocado como um nome suprapartidário e isso agrada o presidente. Além disso, ele é muito próximo ao atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). São amigos a ponto de frequentarem a casa um do outro. Isso pode ser um atrativo para Lula, que tem investido em estreitar laços com Motta.

Com as dúvidas em torno do nome do líder do MDB, na bolsa de apostas para a SRI o PT e o PSD aparecem como opções. Caso Lula opte por manter a cadeira com um petista, a tendência é que leve um dos líderes do governo no Congresso: José Guimarães (CE), líder na Câmara, ou Jaques Wagner (BA), líder no Senado. Se isso acontecer, a vaga que eventualmente for aberta na liderança no Congresso ficaria com alguém do Centrão. No PSD, é apontado como possível substituto de Padilha o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PMG) - esse, sim, considerado amigo dileto de Lula.

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