Primeira mulher a liderar o Ministério da Saúde, Nísia Trindade e seu perfil técnico foram vistos como um trunfo para o governo Lula, especialmente após a série de críticas à gestão da pasta sob o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas, com a popularidade em querda livre, Lula não pode se dar ao luxo de viver de símbolos. A dificuldade na articulação política e a percepção pelo Planalto de demora na entrega de resultados desgastaram sua posição e tornaram sua permanência inviável.
Conforme a coluna mostrou há três semanas, o Planalto comunicou que, para seu lugar, vai Alexandre Padilha, com a missão de fazer a máquina de emendas girar.
Lula expressava insatisfação a aliados quanto à demora do ministério em apresentar iniciativas que pudessem ser usadas como exemplos de impacto positivo para a população.
A queda de sua popularidade ao menor nível em seus três mandatos intensificou essas cobranças. A principal crítica recaía sobre o programa Mais Especialistas, criado para ampliar o atendimento em consultas, exames e cirurgias no sistema público. A lentidão na implementação levou Lula a cobrar a ministra mais de uma vez.
O programa só conseguiu atingir 99% dos municípios brasileiros em fevereiro, dez meses após seu lançamento. Além disso, o governo avaliou que os benefícios da iniciativa não foram comunicados de forma eficaz à população. Até o momento, o ministério destinou R$ 2,4 bilhões ao programa, além de R$ 1,2 bilhão para cirurgias eletivas.
A gestão de Nísia também enfrentou outras crises, incluindo o aumento expressivo de casos de dengue, falhas na estratégia de vacinação e escassez de medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), como a insulina. Diante da escalada dos casos de dengue em 2024, Lula criticou o ministério por ter gerado a expectativa de que o governo disporia de vacinas contra a doença, quando, na realidade, não havia doses disponíveis no mercado.
No ano anterior, Nísia chegou a receber treinamento do marqueteiro Sidônio Palmeira, que atualmente ocupa o cargo de ministro da Comunicação Social.