José Dirceu ensaia seus passos da volta à política. Quer dizer: da volta aos holofotes da política, porque, mesmo durante os anos preso, Dirceu nunca deixou de atuar nos bastidores. O ex-ministro tem participado de debates, como recentemente em São Paulo, e aproveita seu aniversário de 79 anos, em março, para movimentar líderes e militantes de esquerda em duas festas, em Brasília e São Paulo.
As festas vão servir, como dizem seus aliados, como uma “auscultação” do ambiente político.
O nome de Dirceu foi aventado até como um candidato a presidente do PT que teria o condão de unir o partido. Mas a escolha de Lula foi pelo ex-ministro Edinho Silva.
A avaliação dos petistas, no entanto, é que Dirceu ocupará um espaço de maior destaque entre os líderes da legenda para reabilitar o partido, principalmente em São Paulo, onde ele perdeu densidade.
“Se a conjuntura fosse mais favorável, ele seria ministro ou candidato a senador. Mas deve voltar ao chão de fábrica, disputando vaga como deputado federal”, adiantou um de seus defensores dentro do PT.
Aliados dizem, porém, que o petista ainda não decidiu se concorrerá a deputado federal, como tem sido cogitado. Ele considera alguns pontos: não quer rachar ainda mais o partido, disputando votos com os colegas paulistas, que já tiveram dificuldade em se eleger em 2022.
“O que o Zé Dirceu não quer é atropelar. Ele quer fazer uma volta sem atrito”, disse um dos aliados, lembrando o apelido de “trator” durante o governo Lula I.
Outros tempos: naquela época, Dirceu era muito mais poderoso, com superpoderes de nomear ou vetar os nomes que participariam do governo, das agências e das empresas públicas.