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Em Londres, a expectativa pelo veredicto no processo da tragédia de Mariana

Quase uma década após o rompimento da barragem na cidade mineira, tribunal da Inglaterra vai decidir se pune os responsáveis

Moradores da região atingida pelo rompimento da barragem de Mariana em Londres, onde corre processo contra a BHP
Foto: Reprodução

Na reta final do julgamento do processo que corre em Londres para definir a responsabilidade pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), a defesa das vítimas da tragédia tem a expectativa de conseguir uma reparação financeira bem  próxima dos R$ 230 bilhões pedidos. A mineradora BHP, alvo da ação, alega que não tem culpa pelo rompimento.

Enquanto o julgamento segue na Inglaterra, a Vale, a Samarco e a BHP assinaram acordo com autoridades federais e estaduais brasileiras no valor de R$ 170 bilhões para reparar os danos causados. O valor leva em conta os pagamentos já realizados pelas empresas ao longo dos últimos anos. Os advogados das vítimas afirmam que a repactuação não interfere no julgamento na justiça londrina.

“O escritório está muito confiante de que as provas e os argumentos juridicamente apresentados são suficientes para demonstrar a responsabilidade da BHP em relação à indenização das vítimas que sofreram por conta do desastre. Existe um clima de otimismo geral para que as vítimas recebam a justiça que merecem e aguardam há quase uma década”, disse à coluna a advogada Caroline Narvaez Leite, diretora jurídica do escritório Pogust Goodhead,que tem sede da Inglaterra e ajuizou a ação em nome de 620 mil pessoas.

Em nota, a BHP afirmou que se solidariza com as famílias e comunidades atingidas pela tragédia. "Desde o primeiro dia, a BHP Brasil tem apoiado a Samarco para a garantir compensação e reparação justas e abrangentes para as pessoas e o meio ambiente atingidos pelo rompimento da barragem", afirma a empresa.

Ainda segundo a BHP, em nove anos foram pagas indenizações a aproximadamente 432.000 pessoas, empresas locais e comunidades indígenas e tradicionais. A empresa alega estar reparando o meio ambiente, moradias e infraestrutura impactadas. "Estamos confiantes com nossa defesa no Reino Unido e nas provas apresentadas, que demonstram que segurança é prioridade para a BHP e que agimos com responsabilidade", diz o texto.

O sistema judicial inglês tem lógica diferente do brasileiro. O julgamento começou em 21 de outubro do ano passado e terá duração total de 12 semanas. Os últimos dias serão dedicados às alegações finais de ambas as partes, com os resumos das provas apresentadas. Depois disso, a expectativa é que a juíza responsável pelo caso, Finola O'Farrell, divulgue a sentença em meados deste ano.

Os advogados que representam as vítimas iniciaram as sustentações orais finais na quarta-feira, 5, e continuarão fazendo isso nos dias 6, 7 e 13 de março. De 10 a 12 de março, será a vez da defesa da BHP. Os dois lados vão apresentar à corte um resumo de toda a discussão e das provas apresentadas.

Desde o início do julgamento, foram interrogadas sete testemunhas que tiveram posição chave na BHP. Dez especialistas indicados pelos réus e pelas vítimas falaram sobre questões técnicas e jurídicas brasileiras.

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