A ministra da Saúde, Nísia Trindade, está novamente sob artilharia pesada. Com a reacomodação de forças pós-eleições, as conversas entre o Palácio do Planalto e o Congresso para a sucessão de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco e o possível redesenho das alianças na base governista para a segunda metade do governo Lula, voltaram a ganhar força as articulações para que a cadeira de Nísia entre na mesa de negociações.
Há quem aposte até que a troca possa acontecer no curto prazo, antes de uma possível reforma ministerial mais ampla. Para além da intensificação do movimento, nomes de possíveis sucessores já começam a ser especulados nos bastidores, inclusive entre políticos ligados ao próprio governo.
Aliados têm feito chegar ao Palácio do Planalto sucessivas críticas ao desempenho de diferentes áreas do ministério, o que evidenciaria problemas de gestão. São recorrentes, também, as queixas relacionadas a uma suposta falta de traquejo político da ministra, socióloga que, antes de chegar ao cargo, era presidente da Fundação Oswaldo Cruz. O Ministério da Saúde, com seu orçamento bilionário, é sempre um dos mais cobiçados da Esplanada.
O apetite pela cadeira vem tanto de integrantes de partidos do Centrão que já são próximos ou estão em processo de aproximação do governo quanto do próprio PT e de siglas historicamente aliadas.
Um nome que voltou a circular com força nos bastidores é o da médica Ludhmilla Hajjar, que chegou a ser convidada para o mesmo cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro – e, à época, declinou. A médica, que tem entre seus pacientes celebridades e estrelas da política, é também uma opção vista com simpatia por muitos poderosos. A lista tem desde Arthur Lira e outros expoentes do Congresso até ministros do Supremo Tribunal Federal. Segundo pessoas próximas, Ludhmilla Hajjar jamais admitirá isso publicamente, mas tem interesse em assumir o posto caso receba um convite de Lula.
Já no PT, há uma corrente que defende que a pasta seja assumida por Alexandre Padilha, hoje ministro da Secretaria de Relações Institucionais. Médico, Padilha comandou a Saúde no governo de Dilma Rousseff e, até hoje, mantém influência em diversas áreas da pasta, especialmente nas camadas intermediárias da burocracia. O rendimento dele como ministro palaciano do governo Lula, à frente da articulação política, é frequentemente questionado. No governo e entre partidos aliados, há quem entenda que, de volta ao Ministério da Saúde, ele pode ser mais útil.