A antecipação do voto de Luís Roberto Barroso na ação sobre a legalização do aborto, nesta sexta-feira, 17, aparentemente geraria alguma ajuda Jorge Messias caso o advogado-geral da União realmente seja o escolhido de Lula para a vaga de Barroso no STF.

Com o voto do ministro pela descriminalização do aborto até a décima segunda semana de gestação, afinal, Messias não teria que votar na ação, caso seja o indicado ao STF. Isso o pouparia de ficar em maus lençóis tanto com a esquerda, quanto com os evangélicos — ele é membro da Igreja Batista.

Em um primeiro momento, o movimento de Barroso poderia livrar Jorge Messias de uma bola dividida logo em sua chegada à corte. Por outro lado, contudo, Messias terá obrigatoriamente que votar caso se confirme o provável cenário em que sejam apresentados embargos no julgamento. 

Nessa situação, considerada a fé cristã do atual chefe da AGU, haveria possibilidade de ele votar contra o posicionamento de Barroso. 

Jorge Messias é o nome mais forte de Lula, até agora, para a sucessão de Luís Roberto Barroso no Supremo. Ele tem como principais concorrentes o senador Rodrigo Pacheco e o ministro do TCU Bruno Dantas.

Antes de Barroso antecipar seu voto sobre o aborto, Rosa Weber, também em sua despedida do STF, havia registrado a mesma posição sobre o assunto.  

Após o voto de Barroso, Gilmar Mendes pediu destaque no julgamento virtual, o que forçará a discussão da ação em sessões presenciais.

(Atualização às 22h15 de 17 de outubro de 2025: A primeira versão deste texto não considerou a hipótese de haver embargos no julgamento, que levariam Jorge Messias a ter que se posicionar. O texto foi reescrito para efeitos de clareza).