Depois de se reunir nesta quarta-feira, 29, com governadores da oposição que apoiaram a megaoperação policial na terça-feira, 28, no Rio de Janeiro nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, o chefe do executivo fluminense, Cláudio Castro (PL), disse em entrevista que a operação mais letal da história do estado foi um “sucesso”. 

As forças de segurança estaduais informaram que morreram 119 pessoas, entre elas quatro policiais. A defensoria pública contabilizou 132 mortes até o início da tarde desta quarta. Em seu discurso de endurecimento contra a criminalidade, Castro disse que as únicas “vítimas” foram os policiais. “Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítimas ontem, só tivemos esses policiais”. 

Na entrevista, Castro também indicou que não pretende pedir uma intervenção por meio de uma Garantia da Lei e da Ordem). “Discordo de quem diz que eu deveria pedir GLO”, disse Castro. “A gente não vai ficar respondendo nem ministro nem autoridade que queira transformar esse momento em uma batalha política. O recado é: ou soma no combate à criminalidade ou suma”, disse o governador.

A reunião com os governadores ocorreu pela manhã, por videoconferência. Participaram, além de Castro, Ronaldo Caiado, de Goiás, (União Brasil); Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Mauro Mendes, de Mato Grosso (União Brasil), e Tarcísio de Freitas, de São Paulo (Republicanos). “Esperamos do governo federal um foco de integração e de financiamento”, comentou Castro.

No encontro, Lula foi acusado de omissão no combate ao crime organizado. Os governadores criticaram a PEC da Segurança e combinaram apoio ao projeto que enquadra facções criminosas como organizações terroristas.

“Incapacidade”
Após a reunião emergencial chamada por Lula no Palácio da Alvorada, o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) disse que o presidente ficou “estarrecido” com o número de mortos e com o fato de uma operação desse porte ter sido feita sem a comunicação com o governo federal. Ele o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, marcaram uma reunião com Castro ainda nesta quarta-feira. Como o governador descarta a GLO, não há previsão de decretação da medida.

Lewandowski explicou que a iniciativa deve partir de Castro. “Não é uma ação espontânea do governo federal ou do presidente da República. Obviamente, segundo a lei, o governador precisa reconhecer, digamos assim, a incapacidade das forças locais de enfrentarem esta turbulência, esta agitação, esta ameaça à segurança pública”, disse o ministro. “Primeiramente, ele precisa reconhecer a incapacidade das forças locais de debelarem o crime organizado, sobretudo a situação de intranquilidade que se encontra o Rio de Janeiro. Isso depende dele”, disse o ministro.

Segundo Lewandowski, mesmo sem GLO, o governo federal pode contribuir em várias áreas. Ele citou que as colaborações podem ocorrer com peritos criminais, médicos legistas e com a Força Nacional. “Temos também um banco de dados de DNA muito bem operado pela Polícia Federal para elucidar os crimes, para identificarmos os mortos, para sabermos se são pessoas ligadas às organizações criminosas ou não. Isso, de imediato, já podemos colocar à disposição. É claro que nós vamos ouvir o governador, saber o que é que ele precisa”, disse.