A tragédia climática se alastrou, a humanidade foi quase dizimada. Numa cidade construída por refugiados do clima, vindos de todas as partes do mundo, os humanos lutam para conseguir comida e sobreviver em um mundo árido, onde a seca impera. Este é o cenário criado pelo cientista político Sérgio Abranches em “A franja do fim do mundo”, uma distopia cibernética, como o autor descreve. Editado pela Faria e Silva, a obra chega às livrarias no final deste mês.
“O livro é uma distopia sobre como é que o mundo sobrevive ou o que é que sobrevive do mundo depois de um colapso climático”, contou Abranches, que pensa em fazer uma trilogia sobre o tema.
A preocupação com as mudanças climáticas não é recente. Vinte anos atrás, Abranches foi um dos criadores do jornal O Eco, que incentivava os jornalistas a escrever sobre o clima. O problema é que, de lá para cá, essa preocupação só aumentou. A ideia do livro é chamar a atenção do leitor para a emergência climática. “Não mais tentando dizer assim: ‘olha, se a gente não fizer nada, vai acontecer’. É [dizendo] ‘já aconteceu. Gostou?’”, diz o escritor.
“Eu acho que nós estamos vivendo uma situação muito, muito, muito arriscada. Com a saída dos Estados Unidos do acordo climático, diminui a intensidade do compromisso de outros países. Tem acontecido duas coisas muito preocupantes: a antecipação das previsões dos cientistas e outros fenômenos que não estavam no radar dos cientistas”.
Um dos alertas graves citados por Abranches é o derretimento das geleiras, que tem afetado a salinidade da água do mar e alterado a força das correntes marítimas, responsáveis por dispersar o calor pela Terra.
É um livro de alerta, mas que deve fisgar os leitores também pela ação e pelo enredo, adianta o autor.