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A história de Sidônio Palmeira, marqueteiro cotado para a Secom de Lula

Sem formação oficial em publicidade, ele já trabalhou com Duda Mendonça e João Santana e teve papel importante em vitórias do PT na Bahia antes de dirigir a campanha presidencial vitoriosa de 2022

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Sidônio Palmeira não foi o primeiro nome escolhido por Lula e sua equipe para comandar a campanha eleitoral de 2022. O marqueteiro chegou no começo da pré-campanha, depois da saída de Augusto Fonseca, por causa de divergências com grupos internos do PT. A substituição deu certo e Lula conseguiu vencer o então presidente Jair Bolsonaro (PL) por uma pequena margem.

Agora, no meio do mandato conquistado naquela disputa, Lula apela mais uma vez a Sidônio, desta vez para comandar a Secretaria de Comunicação do governo – o marqueteiro é o favorito para assumir o posto, em uma troca que deve ocorrer antes mesmo da reforma ministerial que o presidente pretende fazer.

O desafio, de novo, não é pequeno. O próprio Lula já se declarou, no fim do ano passado, insatisfeito com a comunicação do seu governo, o que serviu como um anúncio antecipado da queda do deputado federal Paulo Pimenta, do PT gaúcho.

O objetivo do presidente agora é cuidar da imagem do governo de olho na disputa de 2026, após eleições municipais nas quais o PT não foi bem.

Antes mesmo de ser confirmado, Sidônio já começou a circular mais por Brasília, no papel de conselheiro presidencial. Ele foi um dos responsáveis, por exemplo, por preparar o anúncio do plano de cortes de gastos de dezembro, apresentado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Haddad já havia trabalhado com Sidônio antes. O marqueteiro foi responsável por sua mal-sucedida campanha presidencial de 2018. Na ocasião, experimentou as reclamações do novo chefe: na biografia que escreveu do presidente, o jornalista Fernando Morais diz que Lula criticou a estratégia por esconder demais o PT.

A ascensão de Sidônio Palmeira em campanhas petistas teve forte influência do partido na Bahia. Ele foi responsável por campanhas vitoriosas, para o governo do estado, do hoje senador Jaques Wagner e do atual ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. Com Wagner, em 2006, a vitória significou a derrubada do poder do carlismo. Costa foi eleito pela primeira vez sem ser um nome conhecido do eleitor.

Apesar de ter sido um dos responsáveis pelo enfraquecimento do império político de ACM, o marqueteiro, curiosamente, tem laços com a família Magalhães. É sócio do ex-prefeito de Salvador ACM Neto e de uma irmã dele em diferentes negócios imobiliários. Também tem empreendimentos no setor agropecuária.

Sidônio não é publicitário de formação. Engenheiro pela Universidade Federal da Bahia, ele é sucessor de uma dinastia de marqueteiros baianos que levaram Lula e o PT a colher sucessos nas urnas. O primeiro deles foi Duda Mendonça, em 2002. Depois foi a vez do jornalista João Santana, na reeleição de Lula e nas duas vitórias seguidas de Dilma Rousseff. Dono de uma agência chamada Leiaute, o cotado para assumir a Secom trabalhou com ambos.

Assim como Duda Mendonça, o marqueteiro, de 66 anos, tem um histórico de militância política de esquerda na juventude. Ele chegou a ser vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), entre 1981 e 1982, em uma chapa ligada ao PCdoB. Outros estudantes ligados ao grupo seguiram na política partidária, como a hoje deputada Lídice da Mata (PSB), para quem Sidônio trabalhou na campanha eleitoral de 1992.

Sidônio Palmeira também militou no esporte. Torcedor fanático do Esporte Clube Bahia, ele foi um dos responsáveis por um movimento para democratizar a agremiação e que garantiu, em 2013, que passasse a haver eleição direta para presidente.

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