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A igreja evangélica que quer ‘prosperar’ nas urnas em 2026 e bater a Universal

Uma das grandes potências da cena evangélica brasileira se prepara para eleger parlamentares em série nas próximas eleições e já gera temor entre as concorrentes

Lula com o pastor Manoel Ferreira, líder da Assembleia de Deus
Foto: Divulgação

Políticos evangélicos de várias denominações estão temendo a concorrência nas próximas eleições de candidatos ligados à Assembleia de Deus, a maior denominação do segmento no país, com 12,3 milhões de fiéis, segundo o Censo do IBGE de 2010 (o último número oficial). Líderes evangélicos afirmam que o bispo Samuel Ferreira, um dos responsáveis pela Assembleia de Deus Ministério Madureira e presidente-executivo da Convenção Nacional das Assembleias de Deus, tem prometido investir pesado na próxima disputa eleitoral a fim de eleger um grande número de parlamentares - o maior possível, dizem.

A estratégia de Ferreira, filho do ex-deputado Manoel Ferreira, presidente vitalício da Convenção Nacional das Assembleias e bispo-primaz da Assembleia de Deus Madureira, que recebeu o presidente Lula no Rio de Janeiro em 2021 (foto) já em campanha eleitoral, passa pela comunicação. Ele pretende adquirir rádios pelo país ou alugar espaços em programações de emissoras e ceder horários para pastores de igrejas menores em troca de apoio à campanha dos candidatos da denominação.

Essa estratégia, conforme o PlatôBR noticiou no dia 14 de janeiro, é a mesma que já vem sendo utilizada por um conhecido político ligado à denominação, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (Republicanos), investigado pela Lava Jato e cassado em 2016. Cunha pretende voltar ao Congresso em 2026 concorrendo por Minas Gerais e seria apenas mais um nome entre vários outros políticos e religiosos que contarão com a força da igreja do clâ Ferreira.

A Assembleia de Deus já possui emissoras de rádio, mas não em grande número. Não investe tão forte nessa área como outras denominações, caso da Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, dona de uma rede de TV, a Record, e da rede de rádio Aleluia, além de portais e jornais. A Universal é uma igreja que chama mais a atenção por sua ação política, mas é menor: tinha 1,8 milhão de seguidores, segundo o Censo de 2010, contra os 12,3 milhões de fiéis da Assembleia.

Enquanto a Universal conta com cerca de seis mil templos pelo país, as Assembleias de Deus (que se dividem entre dois principais ramos, Madureira e Belém), somam 44 mil locais de cultos. Um ex-pastor ouvido pelo PlatôBR que se especializou na negociação de mídia para as igrejas afirmou que se a Assembleia de Deus investir mesmo como se diz hoje no meio evangélico, não vai ter como outras igrejas competirem de igual para igual nas próximas eleições.

São ligados à Assembleia de Deus Madureira, entre outros políticos, os deputados Cesinha Madureira (PSD-SP), ex-presidente da Frente Parlamentar Evangélica; Otoniel de Paula (MDB-RJ), que concorrerá no próximo mês à presidência da Frente Parlamentar; e Pastor Everaldo (PSC-RJ), que foi candidato à Presidência da República em 2010.

O ex-deputado Manoel Ferreira, pai de Samuel, apoiou Lula em 2006 e seguiu com Dilma Rousseff (PT) em 2010, mas se alinhou à campanha de Jair Bolsonaro em 2018. Em 2022, a Assembleia de Deus Madureira apoiou novamente Bolsonaro, apesar de ter feito acenos a Lula.

O bispo Samuel Ferreira também foi investigado na Lava Jato sob a acusação de ceder uma conta bancária a Eduardo Cunha, que seria utilizada para o receber propinas da Petrobras. Em um culto em 2022, ao lado do então candidato a deputado e atual presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), Samuel chamou um outro pastor de sua igreja, Jacques Balbino, e determinou: “Lá nas nossas igrejas, durante as eleições, nós só vamos falar de Jesus e do senhor (Lira). Se ele (pastor Balbino) não falar, vou mandá-lo para um trabalho lindo, lá nas montanhas do Nepal”. Balbino e Arthur Lira se reuniram logo depois na sede da Assembleia Madureira, em Maceió.

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